sábado, 13 de junho de 2009

Os pinguinhos da reforma - Jayme Copstein

Entrevista do escritor, poeta e crítico literário Ivan Junqueira ontem, no Programa do Jô, trouxe à baila a recente reforma ortográfica que extinguiu algumas miuçalhas a que não se dava a menor importância, acabou com o trema que não fazia mal a ninguém e, de positivo, apenas reconheceu usucapião de lugar no alfabeto das letras “k”, “w” e "y", as quais já estavam aí desde sempre.

Junqueira, afora ser um dos melhores tradutores de literatura estrangeira, é poeta traduzido até na China. Estava cheio de dedos para falar sobre a reforma, com toda a certeza pensando em não melindrar amigos nela envolvidos. Além de reconhecer a resistência dos portugueses em adotá-la, enfatizou não passarem de pequeninos tantos por cento as mudanças introduzidas.

Ora, sendo assim, e de fato é, cabe a pergunta que não foi colocada pelo entrevistador: então, por que mudar? E por que obrigar a indústria editorial a inutilizar montanhas de papel, apenas para mudar alguns acentos e redistribuir hífens segundo uma cartilha de 13 itens, sobre os quais nem os próprios reformadores conseguem se entender?

No fim, valeu o trocadilho de Jô Soares – como pode haver uma platéia sem “assentos”? – e o gracejo de Junqueira sobre o “pinguim” e a “linguiça”.

O que sugere uma reflexão. De fato, escrever pinguim sem trema soa como o pinguinho dos nordestinos. Uma falta de respeito àqueles senhores enfarpelados que habitam as geleiras do Pólo Sul. Senhores ecologistas, por favor, mais atenção...

Ditos e achados - História antiga

Frei Gaspar da Madre de Deus em “Memórias para a História da Capitania de São Vicente”, Lisboa, 1797. Publicado, é claro, com licença de Sua Majestade.

“Outrossim, ordenaram, com penas graves, que nenhum cristão falasse mal de outro, ou de suas mercadorias, diante de gentios; e declararam que, para ficar provada a transgressão desta lei, bastaria o juramento de qualquer cristão que ouvisse detrair.

"Por este modo, dispensaram, no Direito Divino e humano, que ao menos requerem duas testemunhas de maior exceção e, parecendo santíssimo o acórdão, ele se dirigia a conservar os bárbaros na ignorância do seu prejuízo porque a postura trancava o único caminho por onde lhes podia chegar a notícia dos dolos com eles praticados, para que se não acautelassem.”

O calvário de Zé Sarney - Jayme Copstein

Zé Sarney está debaixo de tiroteio – fogo amigo – por fazer seu amigo e protegido, Epitácio Cafeteira, nomear a nora depois de demitir o neto por força de decisão judicial. Se alguém está pensando em moralidade, tomou bonde errado. É ninharia demais para tanto escândalo – como se ele fosse o único “papa” da confraria dos nepotes.

Zé Sarney é de fato um dos “cappi” da base aliada, mas deve ter desagradado algum outro “cappo”, no jogo da sucessão de 2010. Depois de tantos anos em que, apesar dos pesares, sobre ele jamais recaiu qualquer acusação, por que o fogo de barragem?

A resposta está em cenas de filmes da Máfia, quando o pistoleiro diz à sua vítima: “Nada pessoal. Apenas negócios.” Já um é um consolo.