sábado, 13 de junho de 2009

Os pinguinhos da reforma - Jayme Copstein

Entrevista do escritor, poeta e crítico literário Ivan Junqueira ontem, no Programa do Jô, trouxe à baila a recente reforma ortográfica que extinguiu algumas miuçalhas a que não se dava a menor importância, acabou com o trema que não fazia mal a ninguém e, de positivo, apenas reconheceu usucapião de lugar no alfabeto das letras “k”, “w” e "y", as quais já estavam aí desde sempre.

Junqueira, afora ser um dos melhores tradutores de literatura estrangeira, é poeta traduzido até na China. Estava cheio de dedos para falar sobre a reforma, com toda a certeza pensando em não melindrar amigos nela envolvidos. Além de reconhecer a resistência dos portugueses em adotá-la, enfatizou não passarem de pequeninos tantos por cento as mudanças introduzidas.

Ora, sendo assim, e de fato é, cabe a pergunta que não foi colocada pelo entrevistador: então, por que mudar? E por que obrigar a indústria editorial a inutilizar montanhas de papel, apenas para mudar alguns acentos e redistribuir hífens segundo uma cartilha de 13 itens, sobre os quais nem os próprios reformadores conseguem se entender?

No fim, valeu o trocadilho de Jô Soares – como pode haver uma platéia sem “assentos”? – e o gracejo de Junqueira sobre o “pinguim” e a “linguiça”.

O que sugere uma reflexão. De fato, escrever pinguim sem trema soa como o pinguinho dos nordestinos. Uma falta de respeito àqueles senhores enfarpelados que habitam as geleiras do Pólo Sul. Senhores ecologistas, por favor, mais atenção...

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