domingo, 3 de maio de 2009

Da hipocrisia humana - Jayme Copstein

Ronaldo Nazário de Lima, jogador de futebol bem sucedido, dono de razoável fortuna de 250 milhões de dólares, ocupa por esses dias as manchetes de todos os jornais do mundo por envolvimento com travestis, que ele pensou serem mulheres – ao menos é o que ele alega.
É interessante notar que naquele exato momento, em todo o mundo milhares de homens também protagonizaram cenas com travestis, alguns se deixaram chantagear, outros não. Ninguém sabe quantos foram parar em delegacias policiais porque sequer mereceram notícia perdida em um canto de página, de tão corriqueira é a ocorrência. Ou alguém acha que os travestis foram inventados naquela hora, naquele motel do Rio de Janeiro, só para infernizar a vida de Ronaldo Nazário de Lima?
Alguém me comentou o caso, argumentando o horror de Ronaldo Nazário de Lima, dono de 250 milhões de dólares, que podia ter as mulheres mais bonitas do mundo “de graça” – frisou: “de graça!!!” – pagar para fazer programas com travestis. Como o meu interlocutor é um “pronto” que vive mordendo Deus e todo mundo, talvez só consiga as mulheres mais feias do mundo tirando empréstimo de 24 meses na Caixa Econômica, e nem mesmo à Gestapo ou à KGB confessaria transgressões de qualquer ordem, limitei-me a lhe responder: “Pois é”.
Depois, fiquei pensando nesses rios de tinta e saliva que correm por jornais, revistas, emissoras de rádio e de tevê, sobre diversidades sexuais contrastando as manchetes sobre Ronaldo Nazário de Lima e só consigo chegar a uma conclusão barata: como é chato não ter 250 milhões de dólares nem as mulheres mais bonitas do mundo – “de graça”, notem bem, “de graça!!!” – e sequer conseguir ser chantageado por travestis.

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