segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Ideologia e educação – Jayme Copstein

O brasileiro come mal, faz pouco exercício e engorda acima dos limites aceitáveis. A constatação é de recente levantamento do Ministério da Saúde, confirmando a tendência à obesidade já identificada na população pela Pesquisa de Orçamentos Familiares do IBGE, de 2004. O próprio Ministério da Saúde assinala que, com mais dinheiro no bolso, preço da comida mais baixo, mas sem informação adequada, o brasileiro alimenta-se mal. Se os números relativos à desnutrição baixaram significativamente, do lado oposto a obesidade crescente vai se refletir no aumento da diabete e das doenças cardiovasculares.

O quadro mostra com sobras que o problema básico a emperrar permanentemente a vida do país é o da educação. Ela não pode se limitar à instrução dos bancos escolares, mas deva ser incluir ampla e adequada informação a toda população, o que naturalmente não se faz através de muezins proclamando que Lula é Lula e Dilma, sua maior profetisa. Menos ainda com um ensino que apenas pretende formar militantes, como fica patente em teste do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), divulgado pela revista Veja desta semana, A questão propunha:

"Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a crise financeira mundial era um tsunami no exterior, mas, no Brasil, seria uma marolinha, vários 'veículos da mídia' (sic) criticaram a fala presidencial. Agora é a imprensa internacional que lembra e confirma a previsão de Lula. Considerando a realidade atual da economia no exterior e no Brasil, é correto afirmar quer houve, por parte dos críticos – a) atittude preconceituosa; b) irresponsabilidade; c) livre exercício da crítica; d) manipulação política da mídia; e) prejulgamento."

O uso do Enade como instrumento de culto da personalidade está muito claro na questão formulada e também na intenção de substituir a informação pela ideologia. O que, aliás, vem acontecendo no Brasil há longo tempo e é responsável direto pelos elevados índices da violência, com origem na educação básica, quando passou, a pretexto de erradicar a submissão política, a formar jovens raivosos, sem lhes incutir as normas mais comezinhas de convivência social.

Não é, portanto, a obesidade o que de pior pode acontecer a uma sociedade submetida a tais deformações. Mas serve como um exemplos acessível de que, quando falta a informação adequada, apenas se substitui um mal por outro. Mais dinheiro sem informação apenas está substituindo a subnutrição por diabete ou as doenças cardiovasculares. A educação genuína (informação correta + normais de convivência social) nos livraria disso.

Empate.

Agnaldo Fernandes escreve: "Que este é o país do futebol – além do carnaval, é claro – prova a contabilidade da desgraça, calculada pelos marqueteiros políticos. Com o apagão de Dilma, a oposição marcou um a zero. Com o desabamento de uma viga do Rodoanel em São Paulo (obra do governo Serra), o jogo empatou em um a um. E agora? – quem marca o próximo gol, contra ou a favor? O governo ou a oposição"