quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Por que a marolinha não afogou o Brasil – Jayme Copstein

Até pode não ter chamado a atenção por ter sido publicada na véspera do feriadão – 14 de novembro – a entrevista do diretor de Política Monetária do Banco Central, Mario Torós, ao jornal Valor Econômico, reproduzida pelo portal www.globo.com, Mesmo assim é de causar espanto que logo tenha sido sepultada em silêncio: revela que o presidente da República e, particularmente o ministro da Fazenda, Guido Mantega, portaram-se como macacos em loja de cristais no auge da crise financeira. Não fosse a competência, destreza e fibra da equipe do Banco Central e a liderança de Henrique Meirelles, que chegou a pensar em demissão, o Brasil teria se afogado na "marolinha" de Lula.

Em outra ocasião, em maio de 2008, quando o Copom elevou a taxa Selic para prevenir inflação resultante do crescimento acelerado do primeiro trimestre, a boataria de que Lula iria mudar o presidente do Banco Central, nomeando para o posto o economista Luiz Gonzaga Beluzzo, fez Meirelles entregar a carta de demissão. As coisa felizmente se acomodaram e Luiz Gonzaga Beluzzo, como todos sabemos, se houve com grande sucesso na presidência da Sociedade Esportiva Palmeiras, com direito a destemperos na xingação ao juiz de futebol Carlos Simon.

Há uma discussão jamais decidida e por isso mesmo interminável, para se saber se Deus é ou não é brasileiro. Há certos fatos, porém que nos levam à firme convicção de que, no mínimo, Ele tem especial desvelo por este país.

Caso Battisti

O Supremo Tribunal Federal admitiu por cinco votos a quatro a procedência do pedido de extradição do terrorista italiano Césare Battisti, formulado pelo governo da Itália, mas – também por cinco votos a quatro – que a decisão é pessoal do presidente da República. Como Lula havia se comprometido com líderes europeus, em encontros internacionais, que acataria a decisão do STF, reina agora a expectativa do que ele vai fazer, diante da militância mais extremada, capitaneados por Tarso.Genro.

Os ministros do Supremo debateram com ardor uma segunda questão, se Lula está ou não obrigado a cumprir sua decisão neste tema específico. Ora se lei possibilita ao chefe de estado recusar a extradição por decisão pessoal – poder discricionário atribuído pela Constituição e por legislação específica – e apenas o obriga a ouvir o STF quando decide extraditar, fica muito claro que a simples remessa da questão à Corte significa a afirmação tácita de que a extradição está sendo solicitada. Portanto, cabe ao STF a decisão final, tanto afirmativa como negativa.

O resto, data vênia, data máxima vênia, é sexo dos anjos.

Ditos e achados

"Dai-nos urna cena e com ela marcaremos o tempo de forma a tirá-lo da uniformidade sem graça e sem sentido de seu fluxo contínuo. No campo das miudezas cotidianas, o momento do "parabéns a você" é o teatro que assinala a passagem de mais um ano devida. No campo das grandiosidades históricas, o muro forneceu o cenário, e as pessoas que trepavam em cima dele, dançavam e lhe arrancavam pedaços. num misto de levante e festa popular, com¬puseram a dramaturgia de que carecia um evento do porte da queda da fortaleza comunista." Roberto Pompeu de Toledo, na revista Veja desta semana, sobre os 20 anos da Queda do Muro de Berlim.