quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Assombrações - Jayme Copstein

O que se viu ontem, na cassação de Roberto Jefferson, é digno de folclore. Ele era a grande assombração do espetáculo, espécie de Tutu Marambaia ao qual se diz “não voltes mais aqui” para aquietar molecagens.
Durante horas, enquanto ele não chegava ao palco, a platéia de deputados parecia um jardim de infância. Alguns brincavam de discursar patriotadas e moralismos, outros se entregavam a saudáveis passatempos, como passar trotes às colegas pelo celular. Só faltaram os aviõezinhos de papel cruzando de um lado a outro.
Quando Jefferson surgiu em cena, todos se tornaram alunos atentos. Podia-se ouvir uma mosca voando, e não vai se dizer de monturo em monturo, porque a imagem é muito forte, ainda que, nas ruas, esta seja a opinião predominante.
Muitos balançaram com a demagogia talentosa de Jefferson. Mas como o que importava mesmo é o sexo dos anjos, ele é o boi de piranha. Liminar do Supremo Tribunal Federal livrou a cara de seis deputados, com carona já para o sétimo, que é José Dirceu. Não demora, a carruagem estará em programa de extravagâncias da tevê, naqueles concursos de quantas pessoas se consegue enfiar dentro de um fusca.
O extraordinário é que sendo cabeça ou corpo deste monstro de corrupção chamado mensalão, apenas Jefferson seja amputado. Você já viram uma cabeça perambulando sem corpo ou um corpo decapitado dançando o tico-tico no fubá?
Só se for a mula sem cabeça.

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