Nem a defesa brilhante dos seus advogados, nem a perfeição de obra-prima do discurso que acabou canto de cisne e nem mesmo os mais de 70 por cento de pontos favoráveis da opinião pública salvaram o mandato de Roberto Jefferson.
Não havia como. Nem por quê. Trezentos e treze deputados, 57 a mais que o número necessário, o cassaram ontem, dando início a uma apregoada depuração "definitiva" da política brasileira.
Este começo, entretanto, não é promissor. Mandados de segurança, concedidos pelo STF a seis deputados – aos quais já se juntou também José Dirceu – dão a impressão que Jefferson é boi de piranha para aplacar a opinião pública. Se não bastar, talvez o sacrifício de mais algum terneiro ou um que outro cabrito permita ao rebanho passar incólume no rumo de novas e palpitantes falcatruas.
Falando com toda a franqueza, cassar ou não cassar mandatos a esta altura dos acontecimentos, não tem a menor importância. Não muda nada. Suplentes, eleitos dentro do mesmo processo eleitoral corrompido, assumirão as vagas, alguns até mais famintos que os alijados. A paisagem seguirá inalterada.
A importância do que estamos assistindo é outra – é a demonstração cabal de que o presidencialismo faliu como sistema de governo. Em nenhuma geografia consegue ser alguma coisa além de feroz disputa pelo poder.
No nosso caso é agravado ainda pela perversão chamada voto proporcional, responsável na Alemanha pela destruição de República de Weimar e também pela polêmica em que hoje se debate a Finlândia, o único pais do mundo que ainda o adota, além do Brasil.
Voto de lista, financiamento público de campanha – tudo isso é mero engodo. São as famosas reformas feitas periodicamente para não mudar absolutamente nada.
No máximo, trocam-se as moscas. O esterco continua o mesmo. A altura do monte é que cresce porque as moscas estão cada vez mais vorazes.
quarta-feira, 14 de setembro de 2005
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário