segunda-feira, 12 de setembro de 2005

O circo de Severino - Jayme Copstein

Quando um político como Severino aplaude a imprensa, um dos dois está errado. As probabilidades de que seja a imprensa, são totais.
Foi o que aconteceu ontem em sua entrevista coletiva. Severino foi generoso com os jornalistas. Seria ingratidão se não o fizesse. As perguntas dos repórteres foram bisonhas e lhe deram a oportunidade de fazer ironias e até “pôr alguns em seu lugar” (ou “recolher-se à sua insignificância”, como berrou ao deputado Fernando Gabeira).
O que Severino apresentou para defender sua inocência foi um laudo pericial, arranjado em Pernambuco pelo advogado assessório, que não diz nem sim nem não e admite a própria nulidade ao ressalvar a necessidade de exame do documento original.
O principal advogado de Severino, o que não se envolveu no aliciamento do obscuro perito do Recife, reconhece com prudência que só a perícia da Polícia Federal terá validade.
Tudo isso os repórteres engoliram bovinamente, sem tugir nem mugir, em um circo em que dividiram as arquibancadas com amigos e familiares de Severino, rindo do humor malandro e descortês com que ele pretende desqualificar antagonistas.
O grande problema virá depois, se aparecer o cheque recebido por Severino através de assessores. Não será a sua punição, mas a impunidade do advogado assessório e do perito que fizeram a contra-regras do espetáculo. Nada vai lhes acontecer com toda a certeza.

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