Primeiro foi Miro Teixeira, assumindo o Ministério das Comunicações, prometendo criar do nada um padrão brasileiro de tevê digital. Anunciou, na ocasião, suculenta verba de 800 milhões de reais só para pesquisas. Depois disso, a única notícia que se teve, da boca do próprio Miro Teixeira, é de que equivaleria a tentar inventar a roda.
Sobre os 800 milhões, nada. Quanto foi gasto, onde foi gasto, quem gastou o que, ou até mesmo – hipótese a mais provável – se essa dinheirama existiu de verdade, se tudo não passou de cantiga de ninar eleitores.
Agora é o novo ministro Hélio Costa que põe o seu sensível coração a serviço da telefonia para os pobres. Pena que não levou o cérebro junto. Ou, no mínimo, uma calculadora, que poderia ter comprado nas casas de 1,99.
Depois de conveniente recuo, quando alertado de que contratos têm de ser respeitados, Hélio Costa anuncia acordo com as operadoras de telefonia, para reduzir o valor da assinatura básica pela metade, mas multiplicando o custo da ligação.
O assinante tinha direito a 300 minutos mensais – 10 minutos por dia – pagando 2,75 centavos por minuto de ligação excedente, em pacote de quatro minutos. O telefone do pobre, inventado pelo ministro, terá limite de apenas três minutos diários – três vezes menos – e pagará 31 centavos por minuto excedente – dez vezes mais.
É ou não é o Brasil, como dizia Pedro Vaz Caminha, um país gracioso?
quinta-feira, 29 de setembro de 2005
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