terça-feira, 22 de dezembro de 2009

As origens do Natal – Jayme Copstein

O acontecimento mais importante do cristianismo e a Ressurreição de Jesus. Do seu nascimento ou da sua morte, sequer se sabe a data exata. Sem a Ressurreição, o Cristianismo não teria passado de mais uma entre tantas outras seitas judaicas nascidas na mesma época e que não sobreviveram.

A popularização do Natal como festa maior tomou corpo ainda no início da era atual. Orígenes, um dos primeiros santos da Igreja (viveu entre 183 e 232), repeliu a ideia de se festejar o nascimento de Jesus como se fosse o de um faraó. Orígenes buscava subtrair o Cristianismo da influência de outros cultos, principalmente do Mitraísmo, religião persa que adorava o Sol.

O Cristianismo disputava com o Mitraísmo a primazia religiosa no Império Romano. A princípio, o Mitraísmo pareceu predominar. Em 274, o imperador Aureliano marcou o dia 25 de dezembro como data do aniversário de Mitra, o sol invicto. É que, por esse tempo, no Hemisfério Norte, passado o solstício de inverno, os dias voltam a crescer em relação às noites, tal como acontece em, 23 de junho, aqui no Hemisfério Sul. Simbolicamente, é a ressurreição do Sol que mergulhara em sombras, logo após o solstício do verão.

A princípio, o culto a Mitra, o deus-sol, parecia monopolizar a devoção do povo romano. Foi só no terceiro século da era atual que o Cristianismo conseguiu impor-se pela conversão do Imperador Constantino e de sua mãe, a rainha Helena.

O Cristianismo tratou logo de eliminar o culto de Mitra, o deus-sol, substituindo-o pelo culto a Jesus, o sol da justiça. Em contraposição ao Mitraísmo, a Igreja definia em relação a Jesus dois conteúdos teológicos. O Natal era a manifestação da natureza divina no corpo do homem Jesus. E a Epifania, assinalada em 6 de janeiro, a manifestação divina de Jesus, através do anúncio do seu nascimento a todos os homens. .

Desde logo, a Igreja tratou de liquidar o culto a Mitra e pretendeu substituir a data de 25 de dezembro por outra qualquer. Segundo relato do bispo Clemente, de Alexandria, o Natal chegou a ser comemorado em 28 ou 29 de março, em 19 ou 20 de abril, e até em 20 ou 28 de maio.

Em vão. A tradição popular se impôs. Sabe-se que em 336 o Natal já era definitivamente comemorado em 25 de dezembro porque um calendário deste ano, organizado por Filocalus, assinalava: "Natus Christus in Betleem Iudaea - Nasceu Jesus em Belém da Judéia". Pouco depois, o Primeiro Concílio de Constantinopla (381) oficializava a data, após decretar o dogma da natureza divina de Jesus.

La Befana

Já Papai Noel incorporou-se às tradições do Natal bem mais tarde, no Sexto Século, quando começaram os relatos de milagres atribuídos ao bispo Nicolau de Myra. Curiosamente, nem todos os países dão curso ao mito. Na Itália, por exemplo, quem distribui presentes no Natal é La Befana, uma bruxa que chega tripulando uma vassoura e desce pela chaminé da lareira. A personagem parece ter origem em uma deusa pagã que não pode ser totalmente descartada do imaginário popular quando o Cristianismo tornou-se a religião do Império Romano.

La Befana deixa nos sapatos das crianças doces claros, para recompensar o bom comportamento, ou um pedaço de carvão para censurar as travessuras. Na verdade, ela deveria acompanhar os Reis Magos. Mas ocupada em varrer a casa e distribuir presentes, deixou para depois, na volta da Adoração ao Menino. Como os Magos regressaram por outro caminho para desviar a atenção de Herodes, La Befana se perdeu deles para sempre.