quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Será o Fatalício? – Jayme Copstein

Nunca me esqueço do Fatalício, caricatura que a Folha da Tarde de Porto Alegre foi buscar em Buenos Aires, onde era publicada no Clarin com o nome de Fulmine. Era um homenzinho sombrio. Tinha sobre a cabeça uma nuvenzinha preta da qual saltavam raios. Aonde Fatalício ia, a nuvenzinha ia atrás e as coisas aconteciam... Não que ele as fizesse. Bastava sua presença para que acontecessem. Puro azar.

Pois me lembrei do Fatalício ontem de manhã, ao ler nos jornais destemperos da deputada Stela Farias, cujo passatempo predileto parece ser o de falar sozinha em uma CPI da Assembléia Legislativa. Era notável a contradição entre acusações sugeridas pela deputada Farias contra o prefeito José Fogaça e o desmentido do delegado Ildo Gasparetto, esclarecendo que as irregularidades levantadas pela Operação Solidária da Polícia Federal ocorreram em prefeituras da Região Metropolitana, nada a ver com a Prefeitura de Porto Alegre.

Aí entrou o Fatalício. Quando o ministro Tarso Genro pretendeu concorrer à Presidência da República, desabaram sobre sua rival, a ministra Dilma Roussef, algumas tempestades, amainadas depois, quando ele se retirou da disputa. Então, Tarso decidiu concorrer ao Governo do Estado. Começaram os canhonaços contra a governadora Yeda Crusius, sem nenhum prova concreta, até enfraquecer sua provável candidatura à reeleição. Agora, com a recusa terminante de Germano Rigotto, de concorrer ao Governo do Estado, cresceu ainda mais a candidatura do prefeito José Fogaça. Pois não é que já começou a chuviscar, mesmo ele ainda não tenha dito que a aceita?

Diante de tantas coincidências, como não lembrar o Fatalício, com a deputada Stela Farias falando sozinha e ainda ouvindo vozes de gravações que o delegado Ildo Gasparetto nega existirem? Não que o ministro Tarso Genro tenha alguma coisa ver com isso. Mas parece bastar a presença de sua candidatura para que as coisas aconteçam. Deve ser por azar.

Estrelas Anônimas

Belo título da escritora Mirême Pessôa em seu livro de estreia. São 22 contos, segundo o crítico literário Paulo Betancur, sobre "mulheres em busca de um espaço onde uma intimidade desassossegada pede diálogo, companhia, um sentido de vida. Mirème autografa "Estrelas Anônimas" amanhã, sexta-feira, às da 7 da noite, na Livraria Nobel, Shopping Total.

Mural

Sobre a coluna "A águia e a mosca", de segunda-feira, o leitor H.C. escreve: "Cesar Benjamin respondeu à indagação formulada pelo professor Romano. O motivo da revelação foi o filme-mentira, a apropriação da imagem de Jesus por 'aproximação'. Palavras do Cesar Benjamin (transcritas do blog de Reinaldo Azevedo): "o que escrevi está além da política. Recuso-me a pensar o nosso país enquadrado pela lógica da disputa eleitoral entre PT e PSDB. Mas, se quiserem privilegiar uma leitura política, que também é legítima, vejam o texto como um alerta contra a banalização do culto à personalidade com os instrumentos de poder da República. O imaginário nacional não pode ser sequestrado por ninguém, muito menos por um governante." Precisa mais? Quando o cara começou a se colocar como um Jesus redivivo, o momento se ofereceu."

Cronicando

A cronista Ivete Brandalise, leitura obrigatória nos tempos da Folha da Manhã e |Folha da Tarde, seleciona talento novos e lhes transmite os segredos da arte. Agora, reuniu os trabalhos dos alunos em "Cronicando", antologia a ser autografada pelos 14 autores no dia 8, terça-feira que vem, na Livraria Cultura, Bourbon Country.