domingo, 6 de dezembro de 2009

Democracia brasileira – Jayme Copstein

Os jornais estão derramando extensos discursos para festejar os 20 anos de "redemocratização" da República Brasileira. O Presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia encher a boca e dizer que "nunca antes na história deste país, passou-se tanto tempo sem ao menos uma tentativa de golpe de estado".

Fora isso, porém, tudo continua como dantes no quartel de Abrantes, inclusive o velho vício de achar que dando sonoridade ao nome dos pecados, eles se transformam em virtudes. Como falar em democracia em um país onde um grande jornal, "O Estado de São Paulo", está sob a censura mais ridícula da história humana: foi proibido de pronunciar o sacrossanto nome da Família Sarney, com toda a certeza uma nova dinastia reinante, poderosa a ponto de impor tal privilégio. Como falar em democracia, quando um pequeno jornal, o "JÁ" de Porto Alegre, é condenado à morte, através de vultosa indenização, apenas por reproduzir e interpretar noticiário policial que envolveu o nome de um familiar do ex-governador Germano Rigotto.

E por aí afora. A quantidade de jornais e jornalistas processados atualmente no Brasil também poderia fazer o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva inflar as bochechas em mais um sonoro "como nunca, na história deste país", se ele não achasse que todos nós deveríamos ser Franklin Martins, para entronizá-lo na Trindade Santa, transformando-a em reles quadrilha.

Vá lá, nada é perfeito como diria o comediante Joe E. Brown se, em vez de protagonizar um milionário apaixonado pelo personagem de Jack Lemmon travestido de Daphne, estivesse observando a "democracia" brasileira, onde de Zé (Dirceu) a Zé (Arruda), com exceção de Zé Ninguém, assim mesmo por falta de dentes, vampiriza-se adoidamente o Tesouro Nacional.

Alegria, alegria

Prepare seu coração para as coisas que vou contar. E o bolso também, como bom contribuinte da Receita Federal, porque não é da "Disparada" do Geraldo Vandré de que se está falando: o Brasil vai levar uma comitiva oficial de quase 700 pessoas à Conferência do Clima de Copenhague. Este é o número oficial de convidados do Governo Federal para fazer a Europa de novo curvar-se ante o Brasil, desta vez sob o comando da ministra-chefe Dilma Roussef,

A notícia não diz se dona Dilma vai entrar em Copenhague montando um camelo, ao som de fanfarras, atabaques, zabumbas e taramelas, no melhor estilo Mil e Uma Noites, mas dá conta da presença certas 80 representantes do Governo Federal, 100 dos governos estaduais e 40 do Congresso Nacional. Calculando-se, com base no que o Governo do Rio de Janeiro vai pagar a cada um de seus representantes – R$ 906,71 – só estes 220 "delegados" consumirão R$ 199.476,20 por dia de Conferência, sem contar os R$ 660.000,00 das passagens aéreas de ida-e-volta (R$ 2.400,00 por cabeça).

Os demais – os que aceitarem o convite – deverão pagar suas próprias despesas – ao menos teoricamente. Mas já receberam o aviso: fazem parte da comitiva, mas bico calado – não poderão expor suas ideias porque o que disserem contará como palavras da delegação do país, Se quiserem falar, terão de combinar de antemão . Em resumo, vão para mostrar a magnificência de dona Dilma Roussef, a princesa herdeira.