Ney Gastal, especialista em encontrar originalidades, polêmicas e excentricidades na Internet, me remete mensagem hilária sobre um suposto objeto misterioso surgido em fotografias da Groelândia, sacadas pelo satélite para o Google Earth. E vai avisando: "Mas como fim de ano é uma época propícia a mistérios e bobagens deste tipo, mando o "mistério" sem comentários. Divirtam-se. Ou preocupem-se. Cada um é livre para acreditar no que quiser".
Ney relembra o suíço Erich Von Däniken que ganhou notoriedade e fez fortuna com "Eram os deuses astronautas", sugerindo que a vida humana tivesse sido semeada na Terra por extraterrestres. É omitido na sua biografia que, originalmente, ele era garçom e foi preso e condenado por vender a clientes ações de uma cadeia de hotéis que só existia na sua imaginação.
O livro foi escrito na cadeia e estourou como best-seller mundial, traduzido em mais de 30 idiomas, com tiragem superior a 60 milhões de exemplares. Os direitos autorais permitiram a Däniken devolver o dinheiro tomado dos incautos e reconquistar a liberdade, desde então usada com muita esperteza e sempre dentro da lei: produziu ao todo 26 livros, do quais resultaram documentários, museus, parques temáticos, seminários, congresso e excursões a "sítios históricos" , claro tudo sob coordenação de suas empresas.
A origem extraterrestre da vida humana é tema fascinante que tem ocupado a mente até de cientistas autênticos, sem nada para fundamentar conclusões. A "contribuição" de Däniken – juntar frações de verdade para construir mentiras plausíveis, ilustradas com fraudes fotográficas – só conseguiu comprovar a simetria do Universo, Assim como à matéria corresponde a antimatéria, a cada otário corresponde sempre um espertalhão disposto a lhe esvaziar os bolsos.
O gigante de Cardiff
Däniken não o primeiro newm será o último habitante deste planeta a se beneficiar da credulidade alheia. Em 16 de outubro de 1869, operários cavavam um poço na fazenda de William Newell, em Cardiff, pequena vila no interior do Estado de Nova York e encontraram o "corpo mumificado de um gigante que media três metros de altura e pesava 1360 quilos".
A notícia projetou Cardiff para o noticiário dos jornais. No dia seguinte, o fazendeiro Newell já cobrava entrada aos curiosos para contemplarem a raridade durante 15 minutos. Cientistas acorreram ao local para examinar o Gigante. Podia ser um dos elos perdidos da cadeia da evolução. Quase todos opinaram que se tratava de espécime autêntico de um ser pré-histórico.
O fazendeiro Newell enriqueceu com o gigante. Então, revelou que tudo não passava de fraude. Discutira com um pregador sobre a afirmação da Bíblia, de ter havido gigantes sobre a Terra. Para desmoralizar o pregador, mandou esculpir o gigante em um enorme bloco de gesso e o enterrou na fazenda. Mais desmoralizados, porém, foram os cientistas que caíram no logro.
Newell saiu-se bem da empreitada. As pessoas riram do caso e ele não foi processado. Reproduções do Gigante de Cardiff foram exibidas em circos até os anos 20. Muita gente continuou acreditando na autenticidade da história.
Feliz Natal
Limitações de espaço tornam impossível relacionar todas as mensagens de Boas Festas recebidas pela coluna. Vai o agradecimento sincero a comovido a todos. Bem que eu gostaria de ter uma varinha de condão para realizar os sonhos de todos, incluindo os meus. Como isso não existe, limito-me à sinceridade dos votos de muitas felicidades.