A mágica do milhão de reais surgido na cartola do vice-presidente José Alencar, é outro dos mais instigantes enigmas desta república latino-americana. Ninguém sabe, ninguém viu. O PT lava as mãos em público. No privado, Berzoini pede desculpas. Foi “sem-querer”, diz com candura.
Senador por Minas Gerais, Alencar achava que sabia tudo de política. Eleito vice na chapa de Lula, as luzes e as trombetas do Planalto o anestesiaram para a ferroada da mosca azul, a qual, ao contrário da sonolenta tse-tsé, dá febre de grandeza.
Pilotando discurso contra juros altos, que lhe pareceu ser o tema preferencial da campanha de 2006, Alencar criou partido próprio e candidatou-se à presidência da República. Até aí, flores. Havia o estímulo de Lula, mesmo porque o projeto é ter Nelson Jobim como vice na chapa da reeleição. Ao se inventar candidato, Alencar dispensava desculpas e compensações pela ruptura.
Ele,porém, levou a sério o papel. Começou a bater no governo em tom acima do diapasão e entornou o caldo. Estourou o escândalo da Coteminas.
Alencar, agora, mergulha em profundas reflexões sobre a arte da política. Detém toda a atenção no capítulo das moscas, cuja cor é o que menos importa. O problema é a boca. Que deve ser mantida fechada para que elas não entrem.
terça-feira, 6 de dezembro de 2005
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