Já há tempo, o Brasil está dentro do Mercosul como marido enganado, tentando salvar um casamento que já terminou. Kirchner obteve até agora tudo o que exigiu, concedido carneiramente pelos amadores que se aboletaram no Itamaraty, em nome de uma suposta unidade ideológica que só existe em delírio de mesa de bar.
Ele quer mais agora: que a união aduaneira tenha valor para os parceiros. A Argentina continuará usufruindo de privilégios na importação de máquinas, equipamentos, bens de informática e de telecomunicações.
As pretensões argentinas serão mais difíceis de sustar com o ingresso, não propriamente da Venezuela, mas de Hugo Chaves, o novo Napoleão das Américas, que tem financiado os déficits de caixa da Argentina com a receita extraordinária do petróleo, cujos preços começam a mostrar arrefecimento no mercado internacional. É ele que mantém o precário equilíbrio de Kirchner.
A aventura tanto de Chaves como de Kirchner, na política exterior, vai depender dos rigores do inverno no Hemisfério Norte. Se os estoques norte-americanos bastarem para suprir as necessidades deste ano, os preços caem. Chaves terá dificuldades para financiar seus planos de grande líder continental e Kirchner ficará segurando o pincel, descobrindo que a escada era como aquele anel que sendo de vidro, se quebrou.
A todas essas, quem pagará o maior preço será o Brasil. Passou a hora de negociar a Alça em uma posição de prestígio. Aos nossos diplomatas ficará reservado o papel de boi de presépio, com Kirchner e Chavez dando as cartas.
Depois de tudo isso, enfim o sr. Luiz Inácio Lula da Silva terá autoridade para dizer que jamais, em toda a história do país, o Itamaraty teve uma diplomacia como a de agora. Tanta incompetência jamais foi vista desde 1822.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2005
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