O adjetivo mais brando que se pode aplicar ao ocorrido no Espírito Santo é: estarrecedor.
A Polícia Civil requereu e obteve da Justiça capixaba autorização para escuta telefônica de jornalistas e funcionários do jornal “A Gazeta”, da TV Gazeta e da Rádio CBN, veículos que integram a Rede Gazeta da cidade de Vitória.
O juiz de primeira instância, autor da decisão, e o desembargador que a confirmou na segunda instância, justificaram-se, alegando que foram enganados: policiais introduziram os números da Rede Gazeta, dentro de uma relação de telefones que tinham a ver com outra investigação.
Não há porque se duvidar da palavra dos dois magistrados, mas não é possível absolvê-los do pecado de desleixo. Se um crime é investigado, também devem ser identificados os telefones cuja quebra de sigilo é solicitada à Justiça.
A omissão abala um dos pilares em que se assenta a vida em sociedade: a confiança dos cidadãos em seu Judiciário.
É evidente que os policiais do Espírito Santo desejavam identificar quem está informando os jornalistas da Rede Gazeta sobre a corrupção que atingiu em cheio a corporação e tem sido denunciada pela imprensa. A intimidação de testemunhas e até o seu assassinato são notícias que estão todos os dias nos jornais.
O que aconteceu foi realmente estarrecedor.
terça-feira, 13 de dezembro de 2005
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