Os homens cometem disparates, Deus é convocado para dar aval. Como se fosse uma espécie de FMI, com a imensa bolsa dos milagres à disposição das emergências.
Ariel Sharon, primeiro-ministro de Israel sofreu um derrame cerebral. Os terroristas do Hamas comemoraram, alegando castigo de Deus. Dispararam ar fuzis AK-47, inventados ao tempo da União Soviética e distribuídos aos povos amantes da paz para substituir, como todos sabem, os fogos de artifício na comemoração da desgraça dos adversários. Vocês conhecem algo mais poético e inofensivo?
Chama a atenção, entretanto, a semelhança com o episódio protagonizado pelos nazistas, ao final da Segunda Guerra Mundial. O país reduzido a escombros, adolescentes imberbes sacrificados para prolongar a vida de Hitler, seu leal servidor Goebbles lia relatos da Guerra dos Sete Anos. Detinha-se no figura de Frederico II, imperador da Prússia, que tinha até data marcada de suicídio, diante da inevitável derrota para os russos. Mas aí morreu a imperatriz da Rússia e a sorte das armas mudou, terminando com a vitória dos prussianos.
Os nazistas se perguntavam quem seriam a tzarina, cuja morte salvaria o pela segunda vez o Reich sagrado. Quando a chegou a notícia da morte do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, estouraram champanhas para comemorar a intervenção divina no curso da guerra. Não dispararam fuzis automáticos para o ar porque, àquela altura dos acontecimentos, havia mais bebida do que munição em seus paióis.
Como se vê, com ligeiras diferenças, as comemorações do derrame de Ariel Sharon são mera história repetida.
segunda-feira, 19 de dezembro de 2005
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