segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

História repetida - Jayme Copstein

Os homens cometem disparates, Deus é convocado para dar aval. Como se fosse uma espécie de FMI, com a imensa bolsa dos milagres à disposição das emergências.
Ariel Sharon, primeiro-ministro de Israel sofreu um derrame cerebral. Os terroristas do Hamas comemoraram, alegando castigo de Deus. Dispararam ar fuzis AK-47, inventados ao tempo da União Soviética e distribuídos aos povos amantes da paz para substituir, como todos sabem, os fogos de artifício na comemoração da desgraça dos adversários. Vocês conhecem algo mais poético e inofensivo?
Chama a atenção, entretanto, a semelhança com o episódio protagonizado pelos nazistas, ao final da Segunda Guerra Mundial. O país reduzido a escombros, adolescentes imberbes sacrificados para prolongar a vida de Hitler, seu leal servidor Goebbles lia relatos da Guerra dos Sete Anos. Detinha-se no figura de Frederico II, imperador da Prússia, que tinha até data marcada de suicídio, diante da inevitável derrota para os russos. Mas aí morreu a imperatriz da Rússia e a sorte das armas mudou, terminando com a vitória dos prussianos.
Os nazistas se perguntavam quem seriam a tzarina, cuja morte salvaria o pela segunda vez o Reich sagrado. Quando a chegou a notícia da morte do presidente norte-americano Franklin Delano Roosevelt, estouraram champanhas para comemorar a intervenção divina no curso da guerra. Não dispararam fuzis automáticos para o ar porque, àquela altura dos acontecimentos, havia mais bebida do que munição em seus paióis.
Como se vê, com ligeiras diferenças, as comemorações do derrame de Ariel Sharon são mera história repetida.

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