quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

De quem é a culpa? - Jayme Copstein

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva que há poucos dias negara o mensalão, afirmando que a CPI nada havia provado, agora em entrevista a Pedro Bial, admite que existiu sim, mas queixa-se de que foi uma facada nas costas.
Lula não quis dizer quem o apunhalou, mas por palavras tortas, sugere que destina a José Dirceu o papel de Judas em sábado de Aleluia. Quando Bial lembrou-lhe uma declaração taxativa, de que levaria Dirceu ao palanque, em 2006, Lula se irritou. Disse que não disse, que apenas foi perguntado. Mas respondeu que sim, todos se lembram. Só que, em relação a Dirceu, acrescentou uma frase gélida: “A CPI vai mostrar se ele errou.”
Lula só foi coerente nas suas acusações à imprensa. Repete que ela só noticia as coisas ruins, não fala do que é bom. Ora, o que é bom e o que é ruim, fora de comida e de bebida, é questão de ponto de vista Denúncia de corrupção pode ser ruim para o denunciado, mas é boa para o país que assim tem ocasião de combatê-la e acabar com ela.
Quem prestou atenção no noticiário, soube de muitas coisas positivas. A dívida com o FMI está quitada, a dívida externa está em seu valor mais baixo desde 1995, a Petrobrás deve manter sem aumentos o preço dos combustíveis, os preços públicos – telefone, eletricidade, água etc. – só devem subir uma merrequinha no ano que vem, por isso a inflação de 2006 será reduzidíssima, talvez a menor desde os tempos de Juscelino Kubistchek.
Tudo isso está no noticiário dos últimos dias. O problema é que talvez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não goste de ler jornais, ouvir rádio, assistir tevê. Se o faz, parece ficar contrariado e só prestar atenção às notícias que lhe são desagradáveis. A culpa é só dele.

2 comentários:

  1. Anônimo12:23 AM

    Meu caro Jayme Copstein:
    É realmente incrível como os homens públicos - e aqui se fala dos homens políticos - só querem elogios e aprovação a tudo e a qualquer coisa que façam ou aprontem (aqui, no sentido de ações menos nobres). Parece que não sabem (ou não lhes interessa) que são especialmente as críticas, o apontamento dos aspectos negativos que os ajuda a melhorar o seu desempenho e, por óbvio, uma possível reeleição - que é isso que todos buscam.
    Eles não sabem o óbvio de sua "profissão". Por isso costumam se irritar, em vez de agradecer, quando se lhes apontam os passos em falso nas trilhas do poder.
    Um abraço,
    Pedro Antônio Lütkemeyer
    POA, 30/12/2005

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  2. Anônimo6:16 PM

    Tchê Jayme... o regime militar acabou a 20 anos, tempo mais que suficiente para "consertar" possiveis erros. Ate quando vamos culpar os militares pela incompetencia e ineficiencia dos nossos politicos?
    Em menos de 10 anos a Alemanha Ocidental assumiu a parte oriental totalmente sucateada e ja promoveu mudanças substanciais.
    Quando se quer, se faz... e se em 20 anos de governo "democratico" civil, nada foi feito é porque estes mesmos governos são incompetentes.

    A desculpa do manco sempre é as muletas.

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