quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Os trapaceiros - Jayme Copstein

Os amadores aboletados no Itamaraty, desde que o sr. Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a presidência da República, andariam melhor se acreditassem em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa e Saci Pererê. Em vez da veemência, direito e arma dos justos e dos espoliados, preferem o discurso de mirabolantes alianças ideológicas, que descambam em fiasco.
Quando se fala em países pobres, fala-se nos países africanos. Foram todos neocolonizados pelos europeus sem grandes questionamentos, graças a esperto e safado sistema de lavagem cerebral, que tem o antiamericanismo como pedra de toque.
A ministra de Relações Exteriores da França acaba incorporar o Brasil entre os demônios, dizendo que – imaginem vocês – queremos deixar a Europa sem roupa
É assim que a hipocrisia européia formula o que chama de “preferência tarifária” – a isenção de impostos, sem limitação de cotas, concedida à produção agrícola das nações africanas. Em tudo, ao contrário do Brasil.
A produção agrícola desses países – café, cacau, algodão, açúcar – está nas mãos das grandes empresas européias, que a negociam como se cultivada no Velho Mundo. Quando se reclama contra a maroteira, vem a resposta compungida: se o mesmo tratamento for concedido ao Brasil, a preferência pelos pobres desaparece também.
Há crocodilos, cujas lágrimas são bem mais convincentes.

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