segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Pena de morte -- Jayme Copstein

Ao executar o milésimo criminoso, os Estados Unidos recebem pedido da União Européia para a abolição da pena de morte, restabelecida no país em 1976. Como de hábito, o apelo veio acompanhado de argumentos que alinham desde sentimentos humanitários até interpretações erráticas das estatísticas de criminalidade.
O que traz a pena de morte para o centro do debate é sempre a crueldade dos crimes contra a vida. Se ela, uma violência em si, contribui ou não para aumentar ou diminuir a violência, é uma discussão sem fim, em que qualquer ponto de vista pode ser defendido.
Há, entretanto, um argumento sólido e irrespondível: o erro judicial, de alguma maneira reparável em qualquer outra circunstância, é irreversível na pena de morte. Não há forma de se compensar a vítima.
É absolutamente irracional justificar-se que alguns inocentes são o preço a pagar para livrar a sociedade dos seus piores criminosos. A contabilidade é uma ciência só aplicável aos parafusos de um robô, não aos enigmas dos seres humanos.
Ademais, neste planeta dinheirista em que vivemos, há muito tempo foi revogado o aforismo de que todos são inocentes até prova em contrário. Prevalece a certeza de que todos são culpados até que um bom advogado, e bem pago, diga que não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário