segunda-feira, 2 de janeiro de 2006

O pau e a cobra - Jayme Copstein

Raul Pont, secretário-geral do PT, tem razão, em boa parte, quando cobra de Luiz Inácio Lula da Silva o nome dos bois. O presidente imola o seu próprio partido para se eximir da responsabilidade pelo mensalão, aparente rótulo novo de velhas patifarias, na verdade, epitáfio de uma utopia.
O PT, ao contrário do gênero humano, nasceu com a virtude original para purificar a Terra e devolver ao homem o paraíso perdido. Mas o roteiro parece ter sido dirigido por algum maluco que, por originalidade, filmasse de trás para diante. Das entranhas de tanta pureza e bem-aventurança, desprendeu-se e foi vomitado um fruto do saber que agora jaz apodrecido na sarjeta.
Quem pecou?
“O PT cometeu um erro incomensurável, de difícil reparação", acusa Lula.
Pont retruca: “Ele ajudaria mais de se dissesse quem o traiu. Uma parte significativa do partido nunca aceitou as coligações e essa política de alianças. Além disso, as pessoas envolvidas eram defensoras do governo e asseguram que tudo foi feito por uma causa maior, o governo Lula."
O que se cobra de todos, de Raul Pont, de Lula, do próprio PT, é a impropriedade do provérbio “matar a cobra e mostrar o pau”.
O importante é mostrar a cobra morta. Mas esta, apesar de não ter braços nem pernas, arpoou Lula pelas costas.

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