segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

A porteira aberta - Jayme Copstein

A manchete de Zero Hora de hoje – Impunidade ameaça Código de Trânsito depois de oito anos – peca pela modéstia. Faz muito mais tempo que a impunidade destruiu a segurança das pessoas neste país e mandou para a lata do lixo tudo que dizia respeito à ética, à moral e a decência.
Exagero? É só relacionar os escândalos protagonizados pelos políticos para concluir-se que a palavra deveria mais forte – daquelas que antigamente não se falava na frente de senhoras. Hoje são elas que as dizem sem nenhum constrangimento.
Como tudo isso começou? Há alguns dias alguém reclamava que a ditadura militar terminou há mais de 20 anos e, portanto, a ela não podem ser atribuídos dos pecados de hoje.
Estamos falando apenas de impunidade. A pergunta que cabe é: quem abriu a porteira para a tropilha passar? Foi nos anos 70, quando os crimes praticados pelo célebre delegado Sérgio Fleury não podiam mais ser escondidos, que a ditadura foi buscar até nos alforjes dos seus oponentes a doutrina para livrá-lo da cadeia.
O primeiro sintoma do que haveria de ocorrer dali por diante, aconteceu em um programa de rádio, quando um delegado de Polícia tentou prender o estelionatário que se fazia passar por coitadinho, para arrancar donativos dos incautos.
“Não pode me prender”, o vigarista reagiu. “A lei agora está do nosso lado.”
Continua até hoje.

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