sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

Salvadores da pátria - Jayme Copstein

No Brasil há apenas dois partidos, o nosso e o deles.
O nosso, vocês sabem: sábio, moderno, incorruptível, milagroso.
O deles, não se precisa dizer: burro, fossilizado, desonesto, desastrado.
O grande problema é saber-se quem está no nosso, quem está no deles. Os arenistas José Sarney e Delfim Neto que serviram à “nossa” ditadura para combater à subversão “deles”, agora são peemedebistas e servem-se da “nossa” vocação democrática para consertar os estragos que a tirania “deles” causou ao país.
Paulo Maluf, agora “nosso” aliado, era o símbolo da corrupção “deles”. É difícil, porém, enxergar a diferença entre a “nosso” mensalão e o por-fora “deles”. Talvez seja que o “mensalão” é nosso, o por-fora é deles.
Renan Calheiros, antigo lugar tenente do “nosso” Fernando Collor de Mello, que veio para livrar o país do desastre que seria o Lula “deles”, agora é unha e carne com o “nosso” Lula, para evitar que o poder seja “deles”.
Saiu PC Farias, entrou Delúbio Soares, ora nossos, ora deles, dependendo apenas da visada.
Apesar das diferenças, os dois partidos têm algo em comum: nasceram ambos – o nosso e o deles – com o destino glorioso de salvar a pátria.
De que, não se consegue precisar.
O perigo mais à vista são os próprios salvadores.

Um comentário:

  1. Esse post tá excelente. Um ótimo resumo da nossa tragédia - e da festa deles (sem aspas nesse caso). Bjão!

    ResponderExcluir