Que extraordinária a observação do deputado Marcelo Ortiz, do Partido Verde de São Paulo, a respeito da remuneração dos parlamentares. Textualmente: “O Judiciário vai receber R$ 24.500 enquanto continuaremos apenas com os R$ 12 mil. E ninguém acredita que recebemos R$ 9.100 líquidos por mês.”
Puxa vida, que tristeza! Pobre deputado! - nove mil e cem reais por mês, fra o alho. São quinze salário por ano, em 2006 somados com mais dois meses de convocação extraordinária.
Fazendo as contas, e ficando só nos 9.100 reais, representam 26 vezes o novo valor, pedido e ainda não concedido, para o reajuste do salário mínimo. Claro, os 24.500 do Judiciário – o deputado se referia aos ministros do Supremo Tribunal Federal – são 70 vezes esse novo valor.
Trocando em miúdos, já que estamos falando em salário mínimo, um trabalhador comum terá de trabalhar 26 meses – dois anos e dois meses – para somar a remuneração líquida de um deputado federal. Ou 5 anose 8 meses para alcançar os proventos mensais de um ministro do Supremo Tribunal Federal.
Ninguém haveria de negar que membros da mais alta corte do país e deputados federais necessitem perceber bem mais do que o salário mínimo, para atender os gastos com a função. O que há é um enigma, talvez de fácil decifração: a relação entre o pequeno valor do novo salário mínimo, pedido e ainda não concedido, de R$ 350 reais, e as altas remunerações de algumas camadas da população – muito poucas, por sinal.
O que ninguém acredita é que, com R$ 350 reais por mês, alguém possa comer, vestir-se e educar os filhos, para que se tornem bons cidadãos.
terça-feira, 17 de janeiro de 2006
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