sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

Pequena história da impunidade - Jayme Copstein

Três anos depois de matar os pais a pauladas para lhes roubar dólares, Suzane Richtofen está solta. O co-autor, Cristian Cravinhos, também.
Ela desapareceu – provavelmente fugiu, segundo a promotoria de Justiça de São Paulo. Ele dá entrevistas, contando com pormenores a premeditação do crime.
Em Carazinho, o defensor da mulher presa por seqüestro, proclama com alguma certeza que vai requerer para a criminosa a tutela do bebê roubado de sua mãe verdadeira. Não se duvide que concedam.
Em São Bernardo do Campo, uma mulher de 22 anos encomendou o assassinato de uma colega de trabalho, a quem substituíra na licença-maternidade. Como queria a vaga da outra, decidiu matá-la para encurtar caminho. Se for condenada... Deixemos as conjecturas de lado
Na Câmara Federal, o deputado Romeu Queiroz, do PTB de Minas Gerais, mensalista confesso de 450 mil reais, foi absolvido.
Fora da Câmara, José Dirceu, tratado a pão-de-ló no noticiário, apesar de alegar falta de dinheiro para sobreviver, janta em restaurantes de luxo. Paulo Maluf, dono de fortunas misteriosas surgidos em paraísos fiscais, anda mais faceiro que sapo em banhado, como se diz cá no Rio Grande do Sul.
São apenas alguns capítulos, os mais recentes, da História da Impunidade no Brasil. Que começou quando um esperto rábula de porta de cadeia enxertou no Código de Processo Penal e na Lei da Execuções Criminais, as vírgulas que garantem impunidade a toda a espécie de delinqüente.
Os que podem pagar. E os que pegam carona para justificar o privilégio dos primeiros.

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