Um brasileiro, inteligente e espirituoso como todos os brasileiros, desfiava para um português, otário, como todos os portugueses, o interminável rosário de anedotas, com o “Manueli” de personagem.
O português riu de todas as piadas e até contribuiu para uma boa gargalhada. “Que coincidência”, ele disse. “Eu também me chamo Manueli”.
Enquanto os dois conversavam, veio a notícia: no incêndio da Previdência em Brasília, heroicamente os funcionários salvaram um quadro de Picasso que guarnecia as paredes do chefe da repartição.
Praticada a façanha, começaram as indagações. Como um quadro de Picasso, que vale uma fortuna, estava ali, no gabinete do chefe, à mercê dos gatunos ou das baratas, de quem chegasse primeiro.
Ora, chefe é chefe e merece o melhor, apesar de não ter a menor idéia de quem tenha sido Picasso.
Mas como sabiam que o quadro era de Picasso, se não tinha certificado de autenticação? Fora um devedor da Previdência que dera o quadro como pagamento de dívida vultosa e a Previdência aceitou pelo valor alegado, sem nenhuma perícia.
Nesse momento, o brasileiro que desfiava o interminável rosário de anedotas lusitanas, cansou de falar e perguntou ao “Manueli”:
- Vocês não criam anedotas de brasileiro?
O “Manueli” respondeu:
“E precisa?!.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2006
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