O país inteiro, de Norte a Sul, espuma de indignação diante das cenas de violência protagonizadas por jovens universitários paulistas contra seus colegas recém admitidos na instituição.
Mas o país apenas espuma e nada faz. Daqui a alguns dias, os jornais, as emissoras de rádio e as de tevê falarão de outra coisa, e no ano que vem, sem nenhuma inovação, o incidente se repetirá, com as mesmas manchetes dos jornais, o delegado de Polícia dando lições gratuitas de direito penal e prometendo de tantos a tantos anos de cadeia, reitores tirando o corpo fora, alegando que a universidade não encoraja vandalismos e sadismos, pais contratando bons advogados para livrar a cara de seus pimpolhos, e tudo fica por isso mesmo, à espera da reprise.
Qual a novidade do ácido jogado na menina grávida ou no “bixo” da Veterinária? Em 2003, no interior do Rio Grande do Sul, universitários pararam um ônibus e derramaram um líquido corrosivo sobre três calouras que tentavam escapar da selvageria. Há vários crimes aí, da perturbação da ordem a lesões corporais com todos os agravantes previstos pelo Código Penal, a começar pela premeditação.
Aconteceu alguma coisa aos agressores?
Se aconteceu ninguém ficou sabendo.
E aquele estudante de medicina, afogado em uma piscina? E aquele outro, colocado de olhos vendados ao lado dos trilhos do trem, que morreu de susto? É toda uma fieira de histórias macabras com a marca comum da impunidade.
As pessoas perguntam: o que está acontecendo com esses jovens? Resposta: o mesmo que está ocorrendo com toda a nossa sociedade.Já corrompida, não mais orienta seus jovens “para ser”, mas apenas “para ter”. Porque nesta sociedade pervertida, ter significa poder e é isso o que importa.
A partir daí, a escola antes e a Universidade, depois, não conseguem mais disciplinar seus alunos, porque impor a esses príncipes herdeiros normas de convivência e deveres de solidariedade na vida em comum significa castrar o poder que suas famílias ostentam na sociedade.
Na verdade, os veteranos que agrediram seus colegas calouros apenas exerceram o poder que lhes dá um discutível status de veterania. E exercendo o poder discricionário, tão somente seguiram o padrão de comportamento de adultos com os quais convivem. O ingresso na Universidade apenas confirma na prática o aforismo de Gandhi, o líder espiritual indiano: o conhecimento sem ética é um mal muito poderoso.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
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