Não há como escapar do vexame, tanto o governo brasileiro, que desceu da sua dignidade para se envolver em mero episódio policial, como os opinadores de plantão, agora tentando justificar excessos verbais com a verossimilhança de uma versão. Se o que se crê pudesse ser tomado por verdadeiro, ainda estaríamos queimando bruxas como na Idade Média.
Com a confissão do pai da suposta vítima dos “skinheads” suíços, de que não saberia sequer onde encontrar provas da gravidez da filha – ele antes vociferava indignação pelos netos perdidos – o caso se encaminha para o arquivo inaugurado com a Escola de Base de São Paulo e engordado com toda a espécie de “achismos”.
Não se pode, contudo, deixar sem registro o pior momento de toda a sua história tanto da diplomacia com da imprensa brasileira. Alguém até pode defender as bondades do governo brasileiro com a “cumpanheirada” aboletada no poder por países afinados no cantochão ideológico.
Mas, pedir ao embaixador de um país, qualquer país, explicações sobre mera ocorrência policial, não passa de demagogia barata e ignorância das coisas mais comezinhas da diplomacia.
Ou acaso embaixadores brasileiros foram convocados pelos governos respectivos, quando turistas americanos, italianos, franceses, japoneses, portugueses e espanhóis foram assaltados e até assassinados no Rio de Janeiro?
Já a imprensa brasileira parece ter perdido o discernimento para separar interpretação dos fatos do que um ou outro pensem a respeito.
Reinaldo Azevedo, em artigo recente na revista Veja (11 de fevereiro) definiu com precisão:
“‘Relatar a versão de todas as partes envolvidas e o leitor que tire as suas conclusões’. É o jornalismo entendido como uma vitrine de divergências para satisfação do voyeurismo ideológico. Entre os produtos expostos, deveria estar também o elogio ao terror, já que há consumidores que o desejam.”
E também o incitamento das massas, acrescente-se.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
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