A denúncia sobre suposta participação da governadora Yeda Crusius nos comes-e-bebes do DETRAN tem todas as características de um drama passional. Difere porque os personagens quebram a rotina e protagonizam um triângulo nada amoroso: a governadora fecha a primeira metade de seu mandato com o inédito déficit zero e é candidata forte à reeleição, o PSOL necessita de exposição pública para ampliar seu reduzido espaço na política riograndense, e o vice Paulo Feijó, empenha-se desde o primeiro dia do governo em derrubar Yeda.
Os protagonistas encontram-se agora como aqueles antigos gregos, cujo general mandou queimar os navios para que não pensassem em fugir na batalha contra os persas. Não há recuo possível.
Como de quem alega é o ônus da prova, cabe ao PSOL e também a Paulo Feijó (a fonte da informação, segundo Luciana Genro) exibir as provas da denúncia, para que a Justiça possa agir com rapidez em relação à governadora. Ou então arcarem com as consequências que não serão menores das que sofreria Yeda, caso fosse provada a sua responsabilidade.
Todavia, são discutíveis os dividendos políticos da permanente disposição de denunciar. Ao longo dos anos, jamais vi chegar ao poder quem apenas denunciasse antagonistas.
O eleitor parece perceber que essas pessoas dizem contra o que elas são, mas não a favor de que elas lutam. O exemplo mais recente é o de Luiz Inácio Lula da Silva, o furibundo ex-inquisidor da política brasileira, transmudado em Lulinha Paz e Amor, aliado aos que antes denunciava como os corruptos da pior espécie.
O “cumpanheiro” Zé Sarney que o diga...
O tamanho do vexame
Encaminha-se para um final melancólico o episódio envolvendo uma advogada brasileira em Zurich. Já admitiu às autoridades suíças ter inventado a história e agora encaminha alguma “coitadice” para escapar da acusação de ter premeditado um golpe, de olho na aprazível indenização da legislação suíça a quem sofrer atentados em lugares públicos.
Apenas um comentário para mostrar o tamanho do vexame das autoridades brasileiras, chamando o embaixador suíço para lhe pedir explicações sobre mera ocorrência policial, independentemente de que fosse farsa ou não.
Já pensaram em nossos embaixadores, chamados para dar explicações aos ministros de Relações Exteriores dos países desses turistas que há três dias são assaltados em albergues do Rio de Janeiro?
Fernando Gabeira, ontem, em artigo na Folha de São Paulo, comentando a precipitação com que o incidente foi tratado – não só pelo governo e pelos políticos, de maneira geral, mas também pelas imprensa cunhou uma frase que deveria ser incorporada definitivamente a todos os manuais do bom jornalismo:
“(...) problema da pressa é anexar os fatos à nossa visão de mundo, como se estivéssemos sempre procurando algo para comprovar uma teoria.”
Jornalista tem que contar o que vê, não o sente ou o que acha a respeito do que vê.
sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009
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