Faz muito tempo que não assisto, nem mesmo pela tevê, a coisas de Carnaval. Perdi o interesse depois que a alegria do povo foi expelida das ruas, e o próprio viu-se confinado às arquibancadas, para assistir e aplaudir a espetáculo bem comportado.
Serei apenas um saudosista, ruminando o “no meu tempo” como as velhas beatas que mastigam rezas menos para salvar suas próprias almas, mais para condenar a dos pecadores às chamas de Belzebu, ou alguma coisa se perdeu pelo caminho?
Não atribuam, porém, a responsabilidade ao pessoal das escolas de samba. Foram coagidos a um Carnaval sério, sisudo, cheio de regras, porque não há como enfrentar a concorrência da folia cotidiana neste país tropical abençoado por Deus.
Eu poderia citar muitos exemplos, mas me restrinjo a apenas um caso em que o xixi de um bacharel foi parar no Supremo Tribunal Federal. Tem advogado que faz pior nos autos e não acontece nada. O ilustre causídico foi condenado em primeira instância, por ter se “defendido” em um muro, durante desfile carnavalesco, na cidade de Diamantina, Minas Gerais.
Com toda a certeza o transcendental processo atravessou a segunda instância, o Superior Tribunal de Justiça e foi parar na Corte Suprema porque o ilustre causídico defende a revolucionária, alternativa e progressista tese de que é seu direito constitucional fantasiar-se de chafariz.
Só faltou quem pedisse uma análise clínica para saber se o ilustre causídico estava ou não grávido, pois todos sabemos da relevância deste dado para instruir o libelo e a defesa. Há notícias de um prêmio da Rainha Vitória para o primeiro “homem-homem” que engravidar e sempre há possibilidade, mais uma vez, de a Europa curvar-se ante o Brasil, como dizia em outros carnavais o palhaço negro Eduardo das Neves, para festejar Santos Dumont.
Não sei como o caso andou. Suspeito que ainda repouse placidamente em alguma gaveta, na boa companhia das traças de Brasília.Decisão de tal importância não poder ser tomada de afogadilho, sem uma profunda e demorada reflexão, concordem comigo.
Ditos e achados
“Sem internet seríamos mais pobres. Ponto. O problema não é a tecnologia, e sim o uso que se faz dela. Excelente, mas convém não esquecer as bobagens que ela produz.” Chris Andersen, na revista “Wired”, em artigo transcrito pela mais recente edição da Revista da Semana.
domingo, 22 de fevereiro de 2009
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