Tenho a impressão que o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, é um devoto consumado. Todas as manhãs, ao acordar, indaga em tom de oração: que posso fazer pelos meus semelhantes?
Digo isso porque, ao saber da “bolsa-geladeira”, por ele proposta desde que assumiu a Pasta, lembra sua iniciativa, ao tempo da Fernando Henrique Cardoso presidente, de ressuscitar as apólices emitidas por Campos Sales em 1904, corrigindo o valor original de 50 mil-réis para 323 mil reais.
Na ocasião, quando ainda era do PFL, e o PFL ainda não era DEM, Lobão se disse condoído com as atribulações de três velhinhas mineiras que apareceram em seu gabinete no Senado, carregando uma papelada debaixo do braço.
Como o bom devoto faz o bem sem saber a quem, ele sequer perguntou o nome das velhinhas, mesmo porque seria em vão. Todos sabemos que, jovens ou velhos, homens, mulheres ou gays, os mineiros agem sempre em silêncio.
A caridade de Lobão frustrou-se porque em 1956, ainda ao tempo de Juscelino presidente, o Tesouro já resgatara 98% das apólices de 1904, trocando-os por outros títulos. Os dois por cento restantes tiveram prazo para resgate em 1967, após o qual perderam a validade.
Agora, ao que tudo indica, a bolsa-geladeira do ministro, criada para substituir a geladeira velhas dos pobres, terá mais chances de sucesso por seus apelos politicamente corretos. Inicialmente Lobão queria acabar com o desperdício de energia dessas geladeiras velhas.
Depois, porém, de outro gesto caridoso, concordando em pagar à Bolívia pelo gás que não necessitamos e não consumimos, a preços impostos pelo companheiro Evo Morales, focou a argumentação na ecologia: as geladeiras dos pobres brasileiros são responsáveis pela poluição do meio ambiente e – pé lícito concluir – pelo aquecimento global, o buraco de ozônio, o derretimento da calota polar.
Não se espantem nem se deprimam se acabarem descobrindo que também foram responsáveis pelo Dilúvio da Bíblia e pela erupção do Vesúvio que soterrou Pompéia. Importantes são a devoção e a caridade.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
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