segunda-feira, 12 de julho de 2010

Convergências e divergência - Jayme Copstein

O vereador João Carlos Nedel (PP) discorda em parte da coluna “O voto que falta” (sábado, 10 de julho):

“Recebo sua newsletter e a leio com muita atenção. Na maioria das vezes concordo com suas opiniões. Já divergimos fortemente no assunto do pontal do estaleiro e que resultou numa área desocupada quando poderíamos lá ter um belo cartão postal de Porto Alegre com 50% de área pública.

Agora sobre o seu comentário “O voto que falta”, o senhor generalizou a critica sobre a democracia representativa, chamando-a de farsa, o que não concordo absolutamente.

A democracia ainda é o melhor sistema político e a representativa ainda é muito melhor do que a democracia direta. Generalizou escrevendo que os políticos não têm obrigação com o eleitor porque não sabem quem é o seu eleitor.
Discordo, pois, depois de eleito o político tem obrigação e responsabilidade para com todos eleitores do município.

É assim que me sinto como vereador de Porto Alegre e eu presto contas quinzenalmente das minhas atividades. Portanto a generalização não é boa. Depende muito do eleitor que muitas vezes vota mal, elegendo representantes sem condições, ou também não cobra dos políticos.

Com relação ao voto distrital, concordo plenamente. Para que isso aconteça o ideal é passarmos para o sistema parlamentarista, e aí sim o voto distrital puro ou misto é certamente muito melhor, diminuindo custos de campanha e a possibilidade de corrupção. Hoje uma eleição a deputado custa uma fortuna tornando impraticável um pobre disputá-la. Gostaria que me permitisse enviar minha newsletter. João Carlos Nedel, vereador do PP de Porto Alegre.”

O vereador João Carlos Nedel, por cuja integridade nutro respeito, comete equívocos:

1º - Não divergimos - na essência – sobre o Pontal do Estaleiro. Transcrevo o que escrevi na ocasião (“Do sim e do não”, 25 de agosto de 2009), coluna na qual, em outro tópico, criticava também o senador Aloizio Mercadante por revogar o irrevogável:

Confesso que o debate havido não conseguiu me convencer nem dos prejuízos nem dos benefícios que haveria com o projeto residencial. Como sempre, foi mera troca de desaforos apaixonados, sugerindo que a questão talvez se resolvesse melhor em um Grenal. Desde o princípio, porém, desagradou-me a sede com que foram ao pote, no atropelo do processo legislativo, na tentativa de aprová-lo na Câmara Municipal. Era preciso dizer “não” àquilo, pela mesma razão que se exige do senador Mercadante: nenhum fim justifica o meio”.

2º - Escrevi, na coluna de sábado, que no Brasil, como consequência do voto proporcional, temos uma farsa, o sistema do voto proporcional, “ (...) apelidado de democracia representativa. De democracia e de representatividade, nada tem.” Em momento algum chamou-se a democracia representativa de farsa, menos ainda fez-se referência à anarquias a que também apelidaram de “democracia direta”.

De mais a mais, o vereador João Carlos Nedel escreve: “Hoje uma eleição a deputado custa uma fortuna tornando impraticável a um pobre disputá-la.” Então, convergimos: se apenas rico pode concorrer a deputado – e a qualquer cargo eletivo, convenhamos – de democracia representativa o que se tem no Brasil é uma farsa.

Democracia é isso - o livre debate e a livre expressão das ideias. Alguns o fazem com menos pressa, outros, com mais pressa. É onde residem convergências e divergências

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