terça-feira, 6 de julho de 2010

Os presidentes – Jayme Copstein

Recebo e-mails sobre "O Carnaval da Petalhada", curiosidades da campanha presidencial de 1919 relatadas ontem na coluna. Vários leitores ficaram curiosos sobre a história brasileira. José Flávio Mendes quer saber quem é o "campeão presidencial" do Brasil: "Se tivemos mais presidentes que qualquer outro Estado, porque o Rio Grande do Sul não foi favorecido por eles?", ele pergunta também.

Se considerarmos todos os ocupantes da Presidência da República, independentemente de terem sido ou não eleitos, por voto direto ou indireto, se for o caso, o Rio Grande do Sul governou 40 anos, Minas Gerais, apenas 18; empatam, porém, em 6 a 6 no número de presidentes: gaúchos – Hermes da Fonseca (4 anos), Getúlio Vargas (19 anos), João Goulart (3 anos) Costa e Silva (2 anos), Emílio Garrastazu Médici (6 anos) e Ernesto Geisel (6 anos); mineiros – Afonso Pena (3 anos), Venceslau Brás (4 anos), Delfim Moreira (1 ano), Arthur Bernardes (4 anos), Juscelino Kubistchek (5 anos), Tancredo Neves e Itamar Franco (2 anos). Os cálculos foram arredondados para facilitar a exposição, mas se aproximam estreitamente do valor exato.

Se excluirmos João Goulart por ter sido vice-presidente guindado à presidência pela renúncia de Jânio Quadros, o empate permanece porque Delfim Moreira também o foi, por morte de Rodrigues Alves, e Itamar Franco, por cassação de Fernando Collor de Mello. A diferença de tempo de exercício deve-se ao fato de que Getúlio governou durante 19 anos, primeiro como ditador, depois como presidente constitucional, enquanto Tancredo Neves não chegou a assumir o Poder.

Aliás, não foi único nestas condições. Rodrigues Alves que já governara de 1902 a 1906, faleceu de gripe espanhola antes de assumir um segundo mandato para o qual fora eleito em 1918. Também o paulista Júlio Prestes não pôde envergar a faixa, em 1930, impedido pela Revolução de Outubro.

Morreram no exercício da presidência, Afonso Pena (em 1909, problemas cardíacos), Getúlio Vargas (em 1954, suicídio), e Arthur da Costa e Silva (1969, derrame cerebral).

Se considerarmos apenas os presidentes eleitos por voto direto, sem contar vice-presidentes que assumiram o cargo, os gaúchos foram apenas dois: Hermes da Fonseca (1910 a 1914) e Getúlio Vargas (1951 a 1954), mas pode-se dizer que Hermes da Fonseca nasceu em São Gabriel, porque seu pai servia na guarnição local, em 1855. Quando estourou a Guerra do Paraguai, Hermes tinha 10 anos e família mudou-se para o Rio de Janeiro onde ele cresceu, ingressou na vida militar e fez carreira política. Caso semelhante ao de Washington Luís (1926 a 1930), nascido em Macaé, Rio de Janeiro, e também o de Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2001), nascido na cidade do Rio, mas os dois com carreira política toda ela transcorrida em São Paulo

Não contando vice-presidentes, nem Tancredo Neves e Júlio Prestes, um de cada lado, por não terem governado, paulistas (Prudente de Moraes, Campos Sales, Rodrigues Alves e Fernando Henrique Cardoso) e mineiros (Afonso Pena, Venceslau Brás, Arthur Bernardes e Juscelino Kubitschek) estão empatados em 4 a 4. O desempate deve vir com o paulista José Serra ou a mineira Dilma Roussef.

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