De certa feita, pedi a Mário Quintana que me decifrasse o enigma: como diferenciar o poeta maior do poeta menor? A pergunta tinha sentido. Na época, andava em curso a maior das pequenas asneiras ditas todos os dias neste país: Manuel Bandeira era o maior dos poetas menores.
O que queriam dizer com isso? Todos sabemos a diferença entre mais talento e menos talento. Não era o caso, era questão de "estatura", demolida por Quintana com uma frase: "Acho que um fala de gansos, o outro, de patos."
Lembrei-me da cena porque hoje é dia de Mariana Bertolucci autografar seu excelente "Bailarina sem breu", na Praça de Eventos do Barra Shopping Sul, às 8 da noite. Mariana assina Vip RS, a coluna social de Zero Hora, área do jornalismo também incluída quando rolam besteiras sobre o "maior" e o "menor".
Aqui não se precisa da ironia demolidora do Mário Quintana para resolver a questão porque ela se simplifica. Não há temas maiores ou menores, mas bons e maus jornalistas, os que sabem catar a notícia até em narizes vermelhos quando sopra o primeiro vento do inverno e os que não conseguem enxergar a destruição de Herculano e Pompeia porque as cinzas do Vesúvio taparam a visão.
É assim tão simples porque há um metro preciso para se avaliar o talento de quem escreve: o manejo da palavra. Basta ler no jornal as frases com que Mariana Bertolucci conta o que vê para se descobrir a jornalista competente e a escritora de talento. Mas como as notícias de sua coluna sempre deixam gosto de "quero mais", ela passou a escrever "o mais" em seu blog, de onde colheu as crônicas de "Bailarina sem breu":
"A neve castiga, a água aterroriza, o sol queima. Ainda há quem reclame de que não é mais possível pagar por raios cancerígenos em câmaras de bronzeamento artificial. Ao contrário do que se esperava, não vivemos a revolução tecnológica. A revolução contra tudo o que temos feito por aqui é a natureza que protagoniza. Sem arcas, nem Noés. A hora é de colher o que não foi plantado. Sem que se roube a esperança. Porque ela não tem desvio. Não se vende, não dá status, não tem versão genérica." (Desejos mais simples, página 13).
E tem mais, muito mais: "Não estou pregando o fim do 'e foram felizes para sempre'. Só acho que as pessoas, mesmo que não tenham obrigação de ser felizes,
não têm sido." É só ir só ir buscar logo à noite, às 8 em ponto, na sessão de autógrafos, na Praça de Eventos do Barra Shopping Sul.
Mural
Carlos Brickmann, em "Este coqueiro que dá coco", sobre a violação do sigilo fiscal do tucano Eduardo Jorge Carlos Pereira,:
"Um dia, ao acordar, uma alta funcionária da Receita Federal em Mauá, SP, sentiu uma tremenda vontade de violar o sigilo fiscal de alguém. Foi para o escritório, um nome lhe chamou a atenção: Eduardo Jorge Caldas Pereira. Pera em calda, imaginou. Que engraçado! Com um nome desses, e ainda por cima tucano, tem mesmo de ter o sigilo violado. (...)
Não acredita? Então, vamos às perguntas concretas: se a moça violou o sigilo fiscal do tucano, agiu sozinha ou recebeu ordens de alguém? No caso, de quem? Violado o sigilo, para quem foram entregues os dados indevidamente obtidos? Com que objetivo? Em latim, a pergunta é: Cui Prodest? Em português, "Quem se beneficia?" A frase é pronunciada por Medéia numa tragédia de Sêneca: quem se beneficia do crime é quem o cometeu. Não é a moça. No máximo, ela é instrumento. Os criminosos, ou criminosas, devem ser procurados mais acima."
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