quinta-feira, 6 de abril de 2006

A arma do eleitor – 2 - Jayme Copstein

Os eleitores enojados com mais esta nauseabunda absolvição de réu confesso, o deputado do PT, João Paulo Cunha, querem encontrar um caminho para acabar com tanta indignidade.
As sugestões que começam a pipocar na Internet, por mais engenhosas ou engraçadas que pareçam, são absolutamente inócuas e podem até se voltar contra o eleitor.
A primeira é aquela, já comentada, do voto nulo ou em branco. Não anula eleição, como também já se demonstrou.
A segunda, é a de não reeleger nenhum deputado ou senador. Além de se castigar os políticos decentes, qual a garantia do eleitor que não vai substituir os malandros conhecidos por malandros anônimos? Ou acaso do mensalão ou desta nauseabunda absolvição de corruptos não participou nenhum deputado de primeiro mandato?
Há uma terceira sugestão: a de que todos os eleitores brasileiros passem a usar nariz de palhaço, pára mostrar sua repulsa. Absolutamente inofensivo: os corruptos já acham isso de todos os eleitores e não se impressionariam com a piada.
Todas essas idéias nascem do desconhecimento que o eleitor brasileiro tem a respeito do processo eleitoral. Ele não percebe que não vota em ninguém pessoalmente. Ele vota apenas na legenda partidária e quando identifica um candidato, só está manifestando desejo de que ele seja eleito. Se vai ser eleito ou não, é outra conversa.
Daí, os grandes malandros que manejam os cordéis dos bastidores convocarem toda uma tropilha de figuras populares, como atletas, artistas de teatro e tevê e jornalistas. Já querem até candidatar a deputado este major que está fazendo turismo espacial a preço de liquidação.
Nada contra o major, mas quais as suas credenciais para a indicação à Câmara Federal? Nenhuma. Apenas a notoriedade que resultou da viagem na Soyuz, que deve se traduzir em votos na legenda de um partido.
Portanto, a arma do eleitor é punir os partidos envolvidos no mensalão e no acordo para garantir impunidade aos corruptos. São poucos e facilmente identificáveis.
Seria, antes de mais nada, uma questão de justiça. E depois, pagando-se na mesma moeda, bastaria esta simples manobra para fazer explodir esses partidos. Convençam-se vocês, entre malandros, na hora do “mateus, primeiros os meus”, não tem pai, mãe, irmão, amigo ou aliado. Entregam todo mundo para salvar a pele.

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