terça-feira, 11 de abril de 2006

Balada da pobre órfã - Jayme Copsteuin

A OAB paulista anuncia procedimentos para enquandrar eticamente os advogados de Suzane von Suzane von Richthofen, Denivaldo Barni Júnior e Mário Sérgio de Oliveira, este membro do próprio Tribunal de Ética da instituição.
Não foi a tentativa de transformar a assassina dos pais em “pobre órfã” que aborreceu a OAB paulista. Teses mais absurdas e indecorosas são levantadas todos os dias nos tribunais do país, sem que alguém proteste pelo massacre da moralidade e da decência.
A OAB paulista indignou-se com o teatro brega, inadvertidamente desmascarado por um microfone escondido sob as roupas de Suzane, para instruí-la: “chora agora”, “baixa a cabeça”, “faz beicinho”, à medida que a entrevista para a tevê fosse se desdobrando.
Para reforçar a versão e convencer a opinião pública que era armação mesmo, Denivaldo arranjou uma explicação ainda mais fajuta para o escorregão: conversava com ela dentro do automóvel e a instruía a comover o irmão e obter ajuda. Até para pagar comida, a coitadinha não tem dinheiro.
Nos bastidores do circo, escondem-se outros fatos: Suzane cometeu o crime quando tinha menos de 21 anos e pode ser beneficiada pela legislação dos rábulas de porta de cadeia vigente no Brasil: a prescrição é reduzida para 10 anos.
A desmascaramento foi montado de propósito para tumultuar o processo. Já quatro anos se passaram desde que a “pobre órfã” matou os pais. A substituição dos advogados adia o júri marcado para 5 de junho. Com a impunidade, Suzane volta ter direito à herança dos pais, alguns milhões dos quais ela será legalmente excluída se for condenada.