segunda-feira, 24 de abril de 2006

O barato do prefeito - Jayme Copstein

Estourado o escândalo em Gravataí, no Rio Grande do Sul, a Prefeitura distribuindo cadernos escolares com imagens apelativas, o prefeito Sérgio Stasinski tenta simplificar e desqualificar o que ele denomina polêmica.
Usa a mesma semântica que chama dinheiro escuso de caixa dois e mentira de impropriedade terminológica.
O prefeito Sérgio Stasinski justifica o desleixo de não exigir temas educativos nas ilustrações dos cadernos escolares, com a economia de 15% no preço.
Significa que na proposta apresentada na concorrência, na licitação ou tomada de preços,o que tenha sido,aparentemente o fornecedor era único e não fazia questão de vender. Impôs: se escolher a capa, cobro mais.
Esta fantasia leva a uma indagação: se as mulheres desnudas do Playboy representassem desconto de 20%, o prefeito compraria os cadernos? Não é tudo uma questão de preço, como deu a entender?
O próprio fornecedor tentou justificar-se com a desculpa de que aquelas ilustrações já não são mais editadas em cadernos escolares. Todos devem lembrar-se da polêmica – vá lá, polêmica – levantada pelos pais e educadores ao aparecerem esses cadernos nas papelarias.
O que conduz à certeza do vale-tudo quando se trata de negociar com o poder público: entrega-se lixo a peso de ouro.
O Ministério Público deveria investigar a fundo a história. Deve haver, na lei, uma letra, uma vírgula, um acento que chame às falas todos os implicados dos dois lados do balcão,em tamanha irresponsabilidade.