quinta-feira, 13 de abril de 2006

Prenúncio do caos - Jayme Copstein

Pelé certa vez disse que brasileiro não sabia votar. Mesmo acertando, Pelé não sabia o que estava dizendo. Nem ele nem a grande massa de eleitores do país sabe nem mesmo no que está votando.
Basta analisar as pesquisas de opinião, que mostram Lula flutuando no escândalo do mensalão. O eleitor não parece muito preocupado em apurar se ele sabia ou não sabia, se comandava ou não comandava a gatunagem. Deseja um craque de futebol que, no último minuto do segundo tempo, marque o gol salvador, mesmo que tenha só passeado em campo durante o resto da partida.
Se o mensalão não afetou a popularidade de Lula, o mesmo não se pode dizer em relação aos seus correligionários. Lula poderá ser reeleito, mas seu partido, com toda a certeza, não repetirá a bancada inicial do primeiro mandato. Parte de seus deputados e senadores já se transferiu a outros partidos, engrossando a oposição. Cassado José Dirceu, grande puxador de votos, o que sobrou enfrentará a ira dos eleitores.
Se Lula, contando neste primeiro governo com a maior bancada da Câmara Federal, só conseguiu tocar o barco, assim mesmo com mediocridade, pagando o preço exorbitante de alianças com o que há de pior na política brasileira, imagine-se o segundo mandato com uma bancada insignificante.
É o prenúncio do caos.