O grande problema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é o álcool, como maldosamente andou dizendo o jornalista americano Larry Rother. É o cheiro de tinta fresca.
Lula não pode ver parede recém pintada que logo baixa nele uma curiosa mistura de Pedro Álvares Cabral, Jesus Cristo e Barão de Münchausen: nunca na história deste país alguém foi tão perfeito e praticou tantas façanhas.
Quarta-feira passada, em Porto Alegre, ao inaugurar o setor de emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, o presidente afirmou que a saúde melhorou tanto no Brasil, que “não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento da saúde neste país”.
Não é necessário chegar-se ao extremo de se mostrar as eternas queixas de gente nas imensas filas do SUS, como a televisão mais uma vez fez ontem. Basta ler a auditoria do Tribunal de Contas da União, apontando a desorganização e a falta de segurança no funcionamento do sistema nacional de transplantes, onde país gasta 400 milhões de reais anualmente.
As conclusões do relatório são estarrecedoras: em torno da metade dos órgãos que poderiam ser aproveitados em transplantes e salvar vidas, vão para a lata do lixo por falta de equipes qualificadas para diagnosticar morte cerebral, providenciar autorização da família e retirar os órgãos aproveitáveis.
Quanto custará a qualificação de uma equipe para esta tarefa? Vamos sugerir, exageradamente 200 mil dólares.
Façamos agora um cálculo divisão simples: com os 10 milhões de dólares, preço da passagem do nosso turista espacial, poderíamos ter qualificado 50 equipes para aperfeiçoar o sistema nacional de transplantes.
Este é o preço da demagogia. Não os 10 milhões de dólares. É a vida daquelas pessoas que poderiam ser salvas com mais órgãos transplantados, se o governo do sr. Luiz Inácio Lula da Silva não preferisse investigar as possibilidades de se jogar futebol no espaço sideral.