Fico me perguntando se a ascensão da ministra Ellen Gracie à presidência do STF está sendo interpretada corretamente.
De maneira alguma contesto a importância do registro inédito: é a primeira mulher a assumir posição tão alta na história da República, o que a tornará, também, a primeira mulher a assumir a presidência desta mesma República, nos próximos meses.
Será tudo o que temos a dizer, diante uma carreira exemplar de estudos e dedicação, começada com o ingresso no Ministério Público Federal e continuada com brilhante desempenho no Tribunal Regional Federal da 4ª Região?
O fato de ser mulher deverá considerado mais importante do que a austeridade, o equilíbrio e o bom-senso demonstrados ao longo da sua atuação na vida pública?
O deslumbramento pela “avis rara” não estará mais uma vez escondendo nossas predileções pelos milagres, pelos seres do destino, divinizados para conduzir o povo à Terra da Promissão?
O jornalista americano Joseph Pulitzer dizia que só há uma profissão que dispensa formação: a de imbecil. Este já nasce pronto , diplomado até com PhD.
A ministra Ellen Gracie é a prova de que Pulitzer tinha razão. Em um país de leviandades e sofreguidões, ela simboliza a vitória da inteligência casada à virtude.
Enfim, um horizonte à vista para homens e mulheres. Pouco importam os nossos hormônios.