quarta-feira, 11 de outubro de 2006

As dúvidas de Clodovil - Jayme Copstein

Clodovil Hernandez, eleito com quase meio milhão de votos, foi ontem à Câmara dos Deputados, aprender, como ele mesmo disse, o caminho da escola. Mas já chega lá sabido. Depois de declarar a um jornal argentino que venderia o voto, dependendo da proposta, começou a acusar a imprensa de ter distorcido suas palavras. “O que eu disse é que todo o homem tem seu preço. Trinta mil reais é pouco, com trinta milhões pode ajudar algo ou alguém”.
Mas as preocupações de Clodovil são outras. Bem paramentado, ele só foi lá para saber se quando assumir o mandato, deve levar uma bolsa Louis Vuitton ou uma sacolinha da Casa da Banha.
À primeira vista, parece que Clodovil deseja inaugurar o exótico na Câmara Federal. Está chegando atrasado. Vai precisar de muito talento para se igualar, por exemplo, à deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC) que apresentou projeto, obrigando o pedestre avisar com o braço que vai atravessar uma faixa de segurança, para não ser atropelado. Ou à deputada também federal Maninha, do PSOL de Brasília, que deseja instituir o Dia da Visibilidade Lésbica, a ser comemorado em 29 de agosto. Justifica a deputada: é para combater o preconceito porque quem não é visto, não é lembrado. Daí, dia de visibilidade lésbica.
Mas tudo isso é ninharia. Já teve vereador Quixeramobim, Ceará, querendo pintar de amarelo fosforescente a cauda de animais que andem na rua, para evitar atropelamentos. Outro de Caicó, Rio Grande do Norte, que desejava tornar obrigatória a distribuição de Viagra, para prevenir o alcoolismo e a violência contra as mulheres.
A número desses absurdos é incontável. O mais descabido de tudo, entretanto, é o eleitor perguntar como isso é possível. A resposta é simples: com o seu voto.

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