segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Profetas e charlatães - Jayme Copstein

Os ouvintes do Brasil na Madrugada e também os do Chamada Geral Segunda Edição não terão tido grandes surpresas com o resultado da eleição presidencial. Desde logo, foi dito e insistido nos dois programas que a interpretação das pesquisas não estavam levando em conta os eleitores indecisos e também aqueles que declaravam intenção de votar em branco ou anular seu voto.
A verdade é que muitas pessoas se constrangem em abrir o voto. Algumas dizem que não sabem, outra que votarão com o nome mais citado e por aí afora. Só desejo repetir a vocês um trecho do comentário feito no Chamada Geral, na sexta-feira, o último antes da votação. Foi dito:
Há uma charlatanice que contribui, mesmo involuntariamente, para sacramentar jogadas de marketing com dados de pesquisas eleitorais. Temos, os brasileiros, irreprimível paixão por predizer bom ou mau tempo, resultado do futebol, o bicho que vai dar, enfim, substituir a razão e o conhecimento pela magia do pajé.
Não se leva em conta a dificuldade de qualquer certeza em um universo de 123 milhões de eleitores, onde os levantamentos contam com margens de erro entre 2 e 3 por cento: significa mais de dois milhões de votos indecifráveis, somando-se a 9 por cento – em torno de outros 12 milhões de eleitores – dispostos, ao menos é o que dizem, a abster-se ou anular o voto. Em outras palavras, não há como predizer nada quando nada se sabe de 11 por cento da votação, o dobro da diferença que nos separa da possibilidade de segundo turno.
Há que faça, agora, especulações sobre dossiês, ausência em debates, mais isso, mais aquilo. A charlatanice é a mesma. Profetas de araque não têm mesmo remédio.

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