terça-feira, 3 de outubro de 2006

Militâncias - Jayme Copstein

Há certa perplexidade com a reeleição de figuras carimbadas por este Brasil afora. Escapa ao entendimento das pessoas um fenômeno chamado militância partidária que no Brasil parece ser exclusividade do PT 365 dias por ano. É o único partido nacional. Os demais, só existem em véspera de eleições.
É como se explica, por exemplo, a recondução do deputado federal Paulo Pimenta, no Rio Grande do Sul, Estado cioso da ética na prática política. Não há nada a se dizer sobre a honorabilidade de Pimenta, mas seu envolvimento no episódio da lista falsa do mensalão, em novembro de 2005, foi tão importante como o de outras figuras no recente dossiê contra Serra.
Então como se explica o seu sucesso eleitoral, e o de João Paulo Cunha, Antônio Palocci e Ricardo Berzoini e o insucesso da correligionária Ângela Guadagnin, tristemente famosa por seus balés?
A explicação é a mesma. Pimenta, no Rio Grande do Sul, Cunha Palocci e Berzoini são o que Ângela Guadagnin não é: líderes da militância petista. A explicação vale também para Paulo Maluf, líder inconteste do PP paulista, que nada tem a ver com o PP do Rio Grande do Sul, por exemplo. A Paulo Maluf, porém, deve-se acrescentar outro tipo de militância, a militância pessoal, consolidada através de décadas, desde quer assumiu, pela primeira vez, a Prefeitura de São Paulo. Quem não acreditou nisso, como Delfim Netto, que decidiu concorrer pelo PMDB, deu-se mal.
Esta militância pessoal vale principalmente para apresentadores, comentaristas e artistas de rádio e tevê, caso de Sérgio Zambiazi e o falecido Mendes Ribeiro, no Rio Grande do Sul, Celso Russomano e Afanázio Jazadji, de São Paulo, e até mesmo para Enéas Carneiro e Clodovil Hernandes.
Reclama-se muito contra eleitor brasileiro. Diz-se que ele não sabe votar. Mas, respondam: ele tem alternativa? Os partidos de maneira geral, funcionando apenas às vésperas das eleições lhe oferecem escolha ideológica? Enquanto forem mero ajuntamento de interesses, sob o comando de oligarquias malandras, não se mudará o cenário.

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