segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Santos Dumont, o mito e o fato - Jayme Copstein

Chama atenção, no dia em que se festejam os 100 anos do vôo de Santos-Dumont no 14-Bis, ser a única efeméride importante e definitiva que o Brasil tem para comemorar no âmbito mundial. O resto são façanhas esportivas: multicampeonatos de basquete e futebol, recordes de salto tríplice, a perfeição olímpica de Daiane Santos na ginástica acrobática.
Assim mesmo, sendo a única efeméride de âmbito mundial, o Brasil a comemora mal. E o faz pelo pecado histórico que se comete contra seu povo, qual seja o de mantê-lo, através da educação deficiente, na mais crassa ignorância.
A importância do 14-Bis não é o de uma façanha esportiva. Como o avião não foi inventado por ninguém, mas resultou de um longo processo de aperfeiçoamento através de séculos, pouco importa quem fizesse isso primeiro ou passasse mais tempo naquilo outro.
Santos Dumont, na história da aviação mundial, ocupa o lugar mais importante. Deve ser equiparado a Cristóvão Colombo e a todos os descobridores que libertaram o homem para a civilização. Foi ele quem percebeu que os balões no ar se comportavam da mesma maneira que os barcos que flutuam na água. Adaptou um motor de automóvel aos balões, para não depender do vento, e também um leme que permitiu navegar para a esquerda e para a direita e voltar para o ponto de partida. Sem isso, os balões não teriam nenhuma utilidade prática.
Mais tarde, o problema se apresentou com os aviões, para fazê-los subir e descer sem que se esborrachassem no chão. De novo, funcionou o gênio de Santos Dumont. As asas do seu 14 Bis eram dotadas de caixas que se moviam para cima e para baixo, fazendo com que o ar elevasse o avião ou o trouxesse suavemente a terra.
Sem isso não teria havido aviação. Sem Santos Dumont, teria demorado muito mais para ser descoberto. Foi ele quem desbravou os caminhos do céu.

Comentários:

Surfista Barbeiro – Bem, sem dúvida são importantes o 14-Bis e Santos Dumont, porém, quem inventou o avião, tal como o conhecemos, foram os irmãos Wright. E antes de Santos Dumont ter criado o 14-Bis. O 14-Bis não era um avião. Já ouviu falar em um avião que só voa em linha reta e não faz curvas? Eu não. Pois é, o 14-Bis só voa em linha reta. Já o avião dos irmãos Wright, o Flyer, era completamente manobrável, apesar do motor não ser suficientemente potente para a decolagem. Só não foi mostrado em Paris antes do 14-Bis por questões de patente. Dois anos depois da exibição do 14-Bis, já com o problema da patente resolvido, os irmãos Wright fizeram um vôo em Paris, contornando a torre Eiffel (algo impossível para o 14-Bis), que resultou em manchetes nos jornais da época reconhecendo o "Flyer" como o verdadeiro avião e os irmãos Wright como os inventores. Há um livro de um brasileiro que conta esta história toda, foi entrevistado recentemente na CBN pelo Heródoto Barbeiro. Acho que não deve ser difícil achar nas livrarias.

Blog: A tese defendida pelo comentário é a de que ninguém inventou o avião, tal como o relógio ou o automóvel, apenas para citar dois engenhos do dia-a-dia. Tudo resultou de um longo processo de aperfeiçoamento ao longo dos séculos. Não é verdade que a "Flyer" dos irmãos Wright fosse manobrável. Só apresentou esta condição depois de 1906, quando aquelas caixas móveis do 14-Bis inspiraram os "ailerons" e os "flaps". Portanto, a dirigibilidade dos aviões, tal como a dos balões, ambas descobertas por Santos Dumont, foi que abriu definitivamente os caminhos do céu.

Marco Aurélio – Não tenho dúvidas de que ele é o inventor do avião. Mais um injustiçado como outros dois gênios brasileiros Villa Lobos e César Lattes.

Blog: Qual a injustiça sofrida por Villa-Lobos?

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