A única atitude sensata diante do acidente do Boeing da Gol é esperar a conclusão da perícia nas caixas pretas dos dois aviões. Todo o resto é pura especulação, diz-que-me-diz-que, absolutamente cruel e injusto para os familiares e amigos das 155 de pessoas que morreram no desastre.
Chama atenção, entretanto, a entrevista de ontem, do ministro da Defesa, Waldir Pires à Folha de São Paulo, rebatendo afirmações do repórter Joe Sharkey, passageiro do Legacy envolvido na tragédia, de que “o controle aéreo brasileiro é péssimo". O jornalista só fez repetir o que circula pelos aeroportos brasileiros, inclusive com relato de pilotos a respeito da deficiente comunicação no monitoramento do nosso espaço aéreo. As denúncias são graves e dizem respeito à própria higiene do trabalho: não há fiscalização efetiva do revezamento em turnos de duas horas, para evitar a fadiga de um trabalho altamente estressante. Há também acordos informais entre controladores de vôo, o famoso jeitinho, para acomodar folgas e reduzir plantões.
Confrontado com relatos como esses, o ministro Waldir Pires respondeu à Folha de São Paulo que “quase todo o pessoal que executa esse trabalho no Cindacta (Centro de Controle de Vôo) é formado por sargentos e cabos que têm salários e são treinados para isso. Trabalham as horas que são compatíveis com a natureza desse trabalho”.
O que o ministro Waldyr Pires quis dizer com isso, só ele mesmo sabe. Não percamos as esperanças, porém. Ele prometeu que “vai ver isso”, para verificar procedência das denúncias. Tomara que o faça bem depressa, antes que ocorra outra tragédia.
terça-feira, 10 de outubro de 2006
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