É verdade que há grandes investimentos vindos do Exterior, para comprar empresas brasileiras que, apesar do otimismo do Governo, não saíram bem da crise. A Folha de São Paulo de ontem ("Estrangeiros avançam no álcool brasileiro") estampou matéria sobre a presença de multinacionais no setor sucro-alcooleiro, mas as inversões divulgadas parecem ficar aquém da soma dos dólares que nos chegam.
Mas, o que teria isso a ver com a violência que fustiga o Rio de Janeiro? Anteontem, em sua coluna "Circo da Notícia", publicada no portal eletrônico "Observatório da Notícia" em poucas 30 linhas, o jornalista Carlos Brickmann fez observações que fazem pensar e despertam desconfianças.
"É o helicóptero caindo, explodindo", escreve Brickmann. "São os policiais militares morrendo na queda, tudo filmado pela TV, tudo fotografado em cores pelos jornais, tudo noticiado no momento pelo rádio, tudo atualizado a cada instante pela Internet. São os favelados fugindo de casa, sem ter para onde ir, para escapar ao fogo cruzado dos grupos rivais de traficantes e da Polícia. É o cadáver no carrinho do supermercado, é o corpo transportado num carrinho de pedreiro, é policial matando, é policial morrendo. São entrevistas meio sem sentido, dadas por gente que não sabe muito bem o que está ocorrendo (ou, o que é pior, que sabe muito bem o que está ocorrendo)."
Brickamnn prossegue: "O Rio tem problemas imensos, inclusive de segurança, inclusive de requalificação moral de parte da Polícia. O que a imprensa não vem mostrando é que, nesta guerra de quadrilhas, nesta guerra com a Polícia, tudo vem de fora: o Rio não produz cocaína, não produz fuzis de longo alcance, não produz lança-foguetes, não fabrica munição. Essas coisas vêm do Exterior; portanto, não haverá policiamento possível apenas nas fronteiras do Rio. É preciso bloquear a entrada de armas, é preciso vigiar as fronteiras, é preciso mapear e cortar as rotas de suprimento de drogas, de munição, de material de guerra. É preciso governar."
Precisão milimétrica, a da análise de Brickmann. Daí, a pergunta: e a enxurrada de dólares? Onde fica a sua nascente? No mesmo lugar de onde saíam os financiamentos para o vai-e-volta dos jogadores de futebol no mercado internacional? São meras perguntas. As respostas é que não o são.