quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A velha Polícia – Jayme Copstein

É patética a realidade evidenciada pelos traficantes do Rio de Janeiro, da falência do Estado Brasileiro. Os bandidos travam suas guerras particulares pelo controle dos pontos de venda sem o menor temor da Polícia, a quem enfrentam eventualmente. O resto é uma algaravia de pseudo-acadêmicos, desdobrando mil teorias que vão do bom-mocismo calhorda a contabilidades exóticas, comparando número de baixas entre bandidos e policiais, torcendo para que as dos policiais sejam maiores.

Não se toca no essencial, na estrutura herdada do regime militar, quando a velha Polícia, que todos conhecíamos, admirávamos e amávamos por se responsabilizar pela segurança do cidadão, foi transformada para que pudesse servir à segurança do Estado. Ao lhe dar funções judiciárias, a ditadura dissimulou as arbitrariedades da repressão política que, em certos momentos, baixou ao nível da delinqüência comum. Foi quando, tal qual uma Gestapo ou uma KGB dos trópicos, a velha Polícia desaprendeu a arte de investigar e prevenir, e especializou-se em métodos de arrancar confissões e acomodar provas.

Não se precisa dizer que, em uma democracia, uma Polícia assim anacrônica não tem muito o que fazer. Mas como na cabeça dos governantes, cidadão só serve mesmo é para votar – criar os juizados de instrução devolver à Polícia seu verdadeiro papel, treinando-a, equipando-a e remunerando-a com salários decentes, não são obras que se possa exibir em campanhas eleitorais. Nem superfaturar para recompensar os amigos do peito e os aliados de ocasião.

Enem, Enade

Nem bem decorrido um mês do escândalo do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), policiais rodoviários encontraram anteontem, sem nenhuma proteção, provas que serão aplicada no Enade, o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, marcado para 8 de novembro. As provas estavam dentro de 52 caixas sem lacre, em uma camioneta que as transportava de São Paulo para Muriaé, interior de Minas Gerais. O veículo foi interceptado em Três Rios, no Estado do Rio de Janeiro, e o material foi apreendido porque não conferia com o discriminado nas notas de transporte, onde havia referência apenas a "folhas de resposta". Na verdade, tratava-se de cadernos de provas de diversas áreas, como direito, comunicação e turismo.

Desta vez, a empresa responsável pela organização das provas é a Consulplan, já envolvida em incidente aqui no Rio Grande do Sul, quando organizou as provas para concurso público aberto para preencher vagas do Tribunal Regional Eleitoral. A quebra do sigilo teve como consequência a anulação do concurso. Os inscritos receberam devolução do valor das inscrição pelo TRE-RS.

.Se somarmos o fato de duas das três empresas envolvidas na encrenca do Enem, uma delas, algo está cheirando pelo reino que não é da Dinamarca. A primeira é a Cetro, acusada de fraude na apresentação de documento para provar sua experiência em concursos. A segunda é a própria Consultec que também organizou os vestibulares para a Universidade Federal da Bahia, adiados dois dias antes da sua realização em fevereiro deste ano, pelo mesmo motivo: vazamento das provas.

Vai acontecer

Hoje, 7 da noite, Livrartia Cultura (Boubon Country), Marco de Curtis autografa "O Girassol na Ventania e outras histórias." A partir de amanhã (das 1um da tarde em diante), até dia 26, 3º Salão do Imóvel no 5º andar do estacionamento do Shopping Iguatemi. Casas e apartamento de 40 mil a 2 milhões de reais.