sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Finados e Todos os Santos – Jayme Copstein

Feriadão à vista, de repente a nostalgia de uma profissão que ficou lá atrás, com a devoção das pessoas: os sineiros. Onde estão os sineiros que chamavam os fiéis para a missa, festejavam a Aleluia ou dobravam Finados? A eletrônica os transformou em passado, como a devoção dos fiéis que agora engrossam outras procissões, não a dos caminhantes carregando velas para pagar promessas a Todos os Santos, mas as dos automóveis que levam as pessoas para a praia.

Estaria morrendo, também, esta tradição de recordar os mortos, que tem quase mil anos, criada em 1040 pelo abade Odilo, no Convento de Cluny, na França? Houve tempo em que, em 2 de novembro, as emissoras de rádio não se ocupavam nos Postos de Fiscalização da Polícia Federal, contando quantos carros passam por minuto. Passavam o dia tocando música clássica, o que fez o povo das ruas associar Debussy,.Mozart, Beethoven ao luto e chamar a sua música de "funeral".

Já naquela época as pessoas se distanciavam do sentido que o Abade Odilo pretendera dar à efeméride. Mantinham um silêncio temeroso das "almas do outro mundo" – "não é bom mexer com essas coisas" – e mais rezavam para se proteger que para resgatar as almas cujos pecados mais leves – os veniais – as tinham levado ao purgatório, de onde podiam ser resgatadas para o céu, através de orações.

Era para isso que o Dia de Finados tinha sido criado, aliás, como complementação ao Dia de Todos os Santos, tradição bem mais antiga, no qual os fiéis rezam a todos os que morreram redimidos de seus pecados. Crêem que estas almas puras, estando no paraíso, podem interceder junto a Deus pelos que ainda perambulam por este vale de lágrimas. Pede-se a estas almas não o perdão dos pecados, que só Deus pode conceder, mas para proteger os fiéis das tentações e preservar seu estado de graça.

O Dia de Todos os Santos com toda a certeza foi criado por Efrém, doutor da Igreja, que vivia em Antioquia pelos idos do 4º século da nossa era. Primitivamente foi comemorado em 13 de maio para reverenciar todos os mártires do cristianismo. Quem mudou a data para 1º de novembro, foi o Papa Gregório IV, no 9º século, por um motivo nada religioso: o número de peregrinos a Roma, por ocasião de Todos os Santos, era de tal ordem, que havia – época – dificuldade para alimentá-los. Maio é primavera na Europa e as safras agrícolas do ano anterior já tinham sido consumidas em mais de metade. Não havia comida suficiente para atender a todos os romeiros. Então, Gregório IV escolheu 1º de novembro porque, nesta época, a colheita do outono já está concluída, solucionando os problemas de abastecimento.

Feira do Livro

Feira do Livro de Porto Alegre pela 55º ano consecutivo. É um recorde. A propósito, uma frase de Jorge Luiz Borges: "Que os outros se gabem das páginas que escreveram. A mim orgulham-me as que tenho lido." Pois em cada barraca da Feira da Alfândega, até 15 de novembro, vocês encontram motivos de sobra para se orgulhares de si mesmos.