Quem tenta entender a soberana impunidade que governa o país, acaba convencido que a história de Moysés, quebrando as Tábuas da Lei no Sinai, não está bem contada. Que ele, em um momento de raiva quebrou as Tábuas, não se tem dúvidas. O caso foi que elas racharam bem no meio, de forma que todos aqueles “não” ficaram em um dos fragmentos, enquanto o resto – o “furtarás”, o “matarás”, o “cobiçarás a mulher do próximo” etc. – ficou no noutro.
Aí, decidiram inventar o Brasil, país muito religioso, sob a égide dos Dez Mandamentos. Como não havia lei que chegasse para todos, e as Tábuas já tinham vindo quebradas de fábrica, reuniram os fragmentos em dois pacotes: o da Lei, com papel de jornal, amarrado a barbante, onde ficaram todos os “não”; e o dos Amigos do Peito, em uma caixa de veludo, fechado com artístico laço de seda.
Como se tratava de patrimônio público, para ficar dentro do estrito princípio da mais elevada moralidade pública, abriram concorrência para vender os dois pacotes: os dos Amigos do Peito, com garantias de impunidade, financiado a fundo perdido, foi arrebatado por que pôde demonstrar a abnegação de generosas propinas. O da Lei, com todas aquelas proibições, não encontrou compradores. Foi, então, distribuído de graça aos pobres, como Programa Social.
Fica, pois, explicado porque Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda, e Jorge Mattoso, ex-presidente da Caixa Econômica Federal não estão presos na companhia do jornalista Marcelo Netto e dos demais membros da quadrilha que decidiu esmagar um pobre coitado, enquanto o simplório caseiro Francenildo Costa continua investigado por “crime de lavagem de dinheiro”, para saber com quem estava falando.
terça-feira, 28 de março de 2006
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