terça-feira, 28 de março de 2006

A diferença - Jayme Copstein

Tripudiar é um verbo interessante. O sentido original é dançar ou saltar, batendo os pés. Como a certa altura dos acontecimentos alguém decidiu tripudiar sobre o cadáver do inimigo, o sentido acabou alargado para comemorar vitória, manifestando desprezo pelo rival.
Pois a deputada Ângela Guadagnim, do PT, dançou no plenário da Câmara, diz ela que para comemorar a absolvição de um correligionário, envolvido comprovadamente no mensalão. O que a deputada teve em mente, mesmo, foi tripudiar sobre os colegas oposicionistas que desejavam a cassação de João Magno.
Assustada com a repercussão do bailado, a deputada Ângela Guadagnin acusou a imprensa de massacrá-la Ela sequer tinha dançado, apenas se movimentara alegremente para abraçar o colega absolvido.
Cada um dá às coisas o nome que bem entende: ladroeira quando são os adversários que furtam, dinheiro não-contabilizado quando os gatunos estão do nosso lado. Pode aplacar a consciência da deputada Ângela Guadagnin e de todos que pensam como ela, mas não muda em nada a realidade.
A deputada Ângela Guadagnin foi mais além nas críticas à imprensa. Disse que tudo decorre de preconceito porque é gorda e não pinta os cabelos.
Examinem tudo o que foi publicado a respeito, incluindo as charges. Não há nada que possa ser considerado alusão à obesidade da deputada. A não ser que quisesse ser desenhada magra como o senador Marco Maciel. Pode ser que ela se enxergasse com menos angústia. De igual forma em nada mudaria a realidade.
A deputada Ângela Guadagnin diz que, não fosse gorda, tivesse o corpo de modelo, o tratamento ao seu tripúdio seria sido outro. Está redondamente enganada. A única diferença seria um convite da Playboy para que pousasse nua.

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